Desigualdade de renda aumenta em regiões metropolitanas, mostra estudo do IBGE
Disparidade econômica se acentua nas regiões metropolitanas
Por Plox
08/04/2024 09h34 - Atualizado há 22 dias
No último trimestre de 2023, a renda domiciliar per capita proveniente do trabalho nas regiões metropolitanas do Brasil alcançou um valor sem precedentes de R$ 1.801, representando um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período de 2022, que registrou R$ 1.721. No entanto, esse crescimento não se distribuiu de forma equitativa entre as diversas camadas da população, conforme destaca o 15º boletim Desigualdade nas Metrópoles, um estudo conduzido pelo laboratório PUCRS Data Social em colaboração com o Observatório das Metrópoles e a RedODSAL. O documento revela que, enquanto os 10% mais abastados viram sua renda aumentar em 7,6%, alcançando R$ 8.821 por indivíduo, os 40% mais vulneráveis tiveram um modesto crescimento de 1,5%, com rendimentos de apenas R$ 269,54 por pessoa.
Situação dos setores médios
Para os indivíduos que se encontram na faixa intermediária de renda, houve um acréscimo aproximado de 5% no rendimento per capita do trabalho, elevando-se de R$ 1.590 no final de 2022 para R$ 1.669 no mesmo período de 2023. Este aumento, apesar de representar um novo recorde, coloca em evidência a persistente desigualdade econômica nas metrópoles brasileiras.
Desafios dos mais pobres
André Salata, coordenador do PUCRS Data Social, aponta que a menor elevação de renda entre os mais pobres está ligada ao fraco desempenho de rendimentos em setores como construção e transportes, tradicionalmente empregadores de mão-de-obra com menor escolaridade e situada na base da pirâmide social. De acordo com os dados, a renda do trabalho para aqueles empregados na construção caiu 6,5%, enquanto no setor de transportes, houve um decréscimo de 1,6% entre o quarto trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023.
Salata também ressalta a importância de programas sociais, como o Bolsa Família, para a melhoria do bem-estar dos menos favorecidos, apesar de estes não serem considerados no estudo em questão. A análise sugere que, para compreender totalmente o impacto destes programas no alívio da disparidade salarial, é necessário aguardar a publicação de dados mais abrangentes pelo IBGE.
Perspectivas econômicas
Marcelo Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles e um dos coordenadores do boletim, sugere que a melhora geral da renda pode ser atribuída ao desempenho positivo da economia e à implementação de políticas de valorização do salário mínimo. Ribeiro observa que os grupos de maior renda possuem maior proteção no mercado de trabalho e maior capacidade de negociar melhores salários, o que contribui para a persistência das disparidades de renda.
Este estudo abrange 22 regiões metropolitanas e se foca exclusivamente na renda obtida através do trabalho, excluindo programas de transferência de renda como o Bolsa Família. Os resultados destacam não apenas a crescente desigualdade entre ricos e pobres, mas também a necessidade de políticas públicas mais eficazes para mitigar tais disparidades.