Confederação Nacional de Municípios diz ser contra ao projeto do governo de reoneração da folha de pagamento; confira a nota

Os projetos, identificados como PL 1027/2024 e PL 1026/2024, buscam modificar o cenário de desoneração fiscal, afetando diretamente os municípios com população de até 50 mil habitantes

Por Plox

10/04/2024 16h56 - Atualizado há 20 dias

Na terça-feira (9), a Câmara dos Deputados deu luz verde ao regime de urgência para dois projetos de lei que propõem alterações significativas na economia dos municípios brasileiros e no setor de eventos. Os projetos, identificados como PL 1027/2024 e PL 1026/2024, buscam modificar o cenário de desoneração fiscal, afetando diretamente os municípios com população de até 50 mil habitantes e a receita líquida per capita até R$ 3.895, além de sinalizar o término do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Ambas as propostas foram apresentadas pelos deputados José Guimarães (PT-CE) e Odair Cunha (PT-MG) após um acordo entre o Congresso e o governo, excluindo esses temas da Medida Provisória (MP) 1202.

Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Desoneração municipal em xeque

A proposta de reoneração da folha de pagamento sugere uma escalada na alíquota da contribuição previdenciária, passando de 14% em 2024 para 16% em 2025 e alcançando 18% em 2026. Esse aumento gradual busca substituir a redução anterior, de 20% para 8%, aprovada pelo Congresso no ano passado. A urgência aprovada para o projeto transmite a intenção do Congresso de debater e encontrar soluções até 2027, visando minimizar o impacto previsto de R$ 10 bilhões.

A posição da CNM

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) posicionou-se firmemente contra o PL 1027/2024. Em nota divulgada na quarta-feira (10), a entidade destacou os prejuízos potenciais do projeto, estimando um impacto negativo de R$ 6,3 bilhões para os municípios em 2024, afetando cerca de 2,9 mil municípios que deixariam de ser beneficiados pelas regras atuais. A CNM critica a falta de diálogo na elaboração do projeto, enfatizando a necessidade de considerar as demandas municipais na discussão sobre desoneração.

Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Nota na íntegra 

"A Confederação Nacional de Municípios (CNM) reforça que atua fortemente na Câmara dos Deputados para que seja rejeitado o Projeto de Lei (PL) 1027/2024, do governo federal, que reonera a folha de pagamento dos Municípios. A proposição teve regime de urgência aprovado pelos deputados na noite de ontem (9) e deve ser debatida em Plenário na próxima terça-feira, 16 de abril. Para o movimento municipalista, o projeto apresentado é inaceitável, pois fere premissas fundamentais conquistadas por meio da Lei 14.784/2023 e referendadas pelo Congresso duas vezes.

O PL impacta negativamente os Municípios em R$ 6,3 bilhões este ano e, ao criar regras diferenciadas com base na Receita Corrente Líquida (RCL) per capita, deixa de beneficiar 2,9 mil Municípios. A medida atual contempla 5.366 cidades. Além disso, ao contrário do que prevê a Lei, a proposta do governo federal teria vigência apenas até 2026 e não de forma permanente. A alíquota seria elevada para 14% já em 2024, 16% em 2025, 18% em 2026, e retornaria a 20% a partir de 2027.

A Lei 14.784/2023, nesses três primeiros meses do ano, garantiu uma economia de R$ 2,4 bilhões, do total de R$ 11 bilhões estimado para o ano. No modelo apresentado pela União no PL, a perda soma R$ 8,9 bilhões em 2025 e apenas R$ 9,7 bilhões em 2026.

Destaca-se que a redução – de 20% para 8% – da alíquota da contribuição previdenciária patronal dos Municípios ao Regime Geral de Previdência Social foi aprovada pelo Congresso Nacional para todos os Municípios com até 156,2 mil habitantes. O movimento municipalista lamenta que o projeto tenha sido apresentado sem diálogo com os Municípios e espera que o Parlamento ouça a voz e as demandas do movimento municipalista na discussão da desoneração. 

A CNM vem buscando o diálogo junto ao Executivo e ao Congresso para tratar da desoneração e da questão previdenciária dos Municípios. A entidade já apresentou proposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ao secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, além de lideranças no Senado.

Diante desse cenário, a entidade convoca todos os gestores municipais a estarem em Brasília no dia 16 de abril. Também pede para que entrem em contato a partir de hoje com todos os deputados da base e peçam que votem CONTRA o projeto". 

Prefeito de Coronel Fabriciano

O prefeito de Coronel Fabriciano e presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Dr. Marcos Vinicius, fez um apelo aos prefeitos de todo o estado de Minas Gerais. Ele os convocou para se reunirem no Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília, na próxima terça-feira, dia 16. O objetivo do encontro é discutir e adotar uma postura unificada dos municípios mineiros sobre a questão da desoneração da folha de pagamentos, um tema  para a gestão fiscal dos municípios. Veja: 

Esforços por diálogo e mobilização

A CNM vem promovendo o diálogo com representantes do Executivo e do Legislativo, incluindo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ministros do governo, buscando alternativas para a questão da desoneração e dos encargos previdenciários municipais. Além disso, a entidade convoca gestores municipais a marcarem presença em Brasília no dia 16 de abril e a contactarem deputados para expressar oposição ao projeto.

 

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