Real lidera desvalorização entre moedas do G20 em abril

Moeda brasileira sofre queda de 4,5%, a maior entre as principais economias do grupo

Por Plox

18/04/2024 11h13 - Atualizado há 13 dias

A desvalorização do real em abril alcançou 4,5%, tornando-se a moeda que mais perdeu valor no contexto das principais economias do G20. Enquanto o real enfrentava essa significativa baixa, outras moedas, como o iene japonês, o rublo russo, o peso mexicano e o won coreano, também sofreram desvalorizações, porém limitadas a 2% frente ao dólar americano.

crédito: BBC

Diferente dessas, o euro e a libra esterlina apresentaram uma desvalorização menos acentuada, cada uma caindo menos de 1% em relação ao dólar no mesmo período.

O cenário econômico global recente contribuiu para as oscilações cambiais. Incidentes como o ataque com mísseis e drones do Irã a Israel alimentaram preocupações de uma possível escalada de violência no Oriente Médio, impactando os mercados mundiais.

Nos Estados Unidos, a política monetária também jogou um papel crucial. O Federal Reserve sinalizou que a redução das taxas de juros será mais lenta do que o previsto, devido a uma inflação persistente que se mantém acima do esperado. Esta perspectiva levou a um aumento nos juros dos papéis do Tesouro americano de 10 anos, de 4,35% para mais de 4,6%, fortalecendo o dólar frente a outras moedas.

Essa valorização do dólar, impulsionada pelos juros mais altos, tornou-se um atrativo para investidores manterem suas posições na moeda americana, afetando negativamente outras moedas, inclusive o real. O aumento dos juros e o fortalecimento do dólar geraram uma reação negativa entre os investidores globais, refletindo-se em quedas nos principais índices de ações, como o Ibovespa no Brasil e o Dow Jones e Nasdaq nos EUA.

No Brasil, a situação interna também pesou sobre o real. O ministro da Economia, Fernando Haddad, atribuiu cerca de dois terços da desvalorização da moeda às condições globais, mas eventos domésticos também tiveram seu impacto. O anúncio do governo de não seguir as metas de superávit fiscal estabelecidas para o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o final de 2026 agitou o mercado, influenciando negativamente a expectativa para a economia brasileira.

Como resultado desses fatores combinados, a projeção para a taxa Selic no final do ano aumentou de 9% para 9,13%, enquanto a previsão para a cotação do dólar subiu de R$ 4,95 para R$ 4,97, conforme apontam dados do boletim Focus do Banco Central brasileiro.

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