Com Tarcísio fora da disputa, direita se divide e busca novo nome para 2026

A decisão de Tarcísio de Freitas de buscar a reeleição como governador de São Paulo em 2026, e não disputar a Presidência da República, provocou um abalo no cenário político conservador do país.

Após uma reunião com Jair Bolsonaro em Brasília, o governador paulista confirmou que não estará na corrida pelo Palácio do Planalto. Esse recuo abre espaço para novos nomes na direita, mas também revela uma fragmentação crescente no campo ideológico que orbitava o ex-presidente.

Sem o nome de Tarcísio no jogo, a direita observa a ascensão de outras figuras, como Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; e Ronaldo Caiado (União), de Goiás. Todos tentam ocupar o espaço deixado e se posicionar como possíveis sucessores do apoio bolsonarista.

Romeu Zema oficializou sua pré-candidatura durante um evento realizado em São Paulo no último 16 de agosto. Desde então, tem buscado ampliar sua visibilidade nacional, com presença mais marcante nas redes sociais e em pautas federais como a anistia aos presos de 8 de janeiro e a PEC da Blindagem.

Mesmo com essa movimentação, Zema ainda lida com índices tímidos nas pesquisas, inferiores a dois dígitos. Para o cientista político Adriano Cerqueira, o mineiro é um nome viável num cenário sem Tarcísio, especialmente por governar o segundo maior estado do país. No entanto, Cerqueira pondera que o governador paulista pode estar apenas adiando uma decisão definitiva. $&&$“Tarcísio está numa posição que permite adiar ao máximo a definição sobre sua candidatura. É o nome natural da direita, e o preferido de Bolsonaro”$, afirma.

A ausência de uma liderança consolidada preocupa analistas. A dispersão das forças conservadoras pode dificultar uma unificação contra uma eventual candidatura de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje lidera as intenções de voto. Nomes como Michelle Bolsonaro também surgem como possibilidades, reforçando a disputa interna pelo eleitorado bolsonarista.

Segundo o professor Camilo Aggio, da Universidade Federal de Minas Gerais, o afastamento de Tarcísio pode levar à completa desagregação do campo da direita. $&&$“Caiado, Ratinho Jr. e Zema vão tentar se aproximar de Bolsonaro, mas nenhum deles tem a mesma tração. É provável que haja fragmentação total, e Bolsonaro pode até escolher não jogar ativamente”$, avalia.

Aggio também questiona a viabilidade da candidatura de Romeu Zema, apontando a falta de uma biografia política sólida e de marcas de gestão que o projetem nacionalmente. Para ele, o governador mineiro é mais um reflexo do colapso das antigas forças políticas de Minas, como o PT e o PSDB, do que um nome naturalmente competitivo. $&&$“O Zema é um fenômeno muito local, sem capital eleitoral suficiente para se apresentar como representante do Brasil. É pouco provável que sua imagem conquiste o eleitorado nacional”$, conclui.

Enquanto isso, o bolsonarismo enfrenta desgaste com a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe e a dificuldade de lidar com pautas internacionais como o chamado 'tarifaço' de Donald Trump. Em meio a esse cenário turbulento, o futuro da direita permanece incerto, com vários nomes tentando preencher um vácuo ainda sem liderança definida.