Tarcísio descarta PCC em esquema de bebidas com metanol

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) negou nesta terça-feira (30) que haja qualquer indício de participação do PCC no esquema de adulteração de bebidas com metanol que resultou em mortes e intoxicações em São Paulo. Em coletiva, ele classificou as suspeitas como especulação e ressaltou que as investigações apontam para destilarias clandestinas sem vínculos com facções criminosas.

“Muito tem-se especulado sobre, e agora tem esse negócio em São Paulo, ‘tudo que acontece é PCC’. Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso”, afirmou. Segundo ele, os inquéritos chegam a pessoas que atuam isoladamente, sem relação com o crime organizado.

"São indivíduos que fraudam rotineiramente bebidas, e isso mostra que estamos diante de um problema estrutural\

, completou.O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), delegado Ronaldo Sayeg, reforçou a posição do governador.

“Não há qualquer evidência, em qualquer dos inquéritos, em qualquer dos casos, que o PCC possa estar por trás de contaminação direta ou indireta dessas bebidas. Pelo contrário, o que nós temos são outras vertentes bem distantes de qualquer participação do crime organizado”

, destacou.

As suspeitas sobre o envolvimento do PCC ganharam repercussão após a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgar nota afirmando que o metanol usado para adulterar bebidas poderia ser o mesmo utilizado por facções em combustíveis. Apesar disso, a própria entidade reconheceu que o contrabando é praticado por vários grupos e não de forma exclusiva pelo PCC.

Durante a coletiva, Tarcísio também chamou atenção para mudanças legais que, segundo ele, fragilizaram a fiscalização. Ele citou a Instrução Normativa nº 1637 de 2016, que alterou a obrigatoriedade dos selos em bebidas, reduzindo o controle sobre o setor. O governador relatou que, recentemente, foram apreendidas 50 mil garrafas adulteradas e identificados 15 milhões de selos fraudados em operações.

“Nós temos um problema que não é só do estado de São Paulo, é um problema de Brasil”

, disse, defendendo reforço nas ações de fiscalização.

Até o momento, uma morte por metanol foi confirmada oficialmente, enquanto outras quatro seguem em investigação com suspeita de ligação com bebidas adulteradas.

O caso segue em apuração, com a Polícia Federal e o governo estadual atuando em conjunto para rastrear a origem do metanol e a extensão da distribuição clandestina.