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Política
Bahia lidera mortes violentas e violência policial no Brasil
Estado registra cerca de 6 mil óbitos em 2023 e se torna foco de críticas às políticas de segurança pública nacional.
02/11/2025 às 10:14por Redação Plox
02/11/2025 às 10:14
— por Redação Plox
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A Bahia, que lidera as estatísticas de violência policial no Brasil, ganhou destaque no cenário político nacional e pode desafiar a coalizão de esquerda nas eleições presidenciais de 2026. O debate cresce à medida que adversários do governo federal miram o estado baiano para criticar políticas de segurança pública.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, não questiona os números, mas destaca que as estatísticas de violência no estado têm mostrado uma queda
Foto: (crédito: Divulgação)
Dados de violência preocupam e expõem a Bahia
Embora o Rio de Janeiro costume ocupar o imaginário global quando o assunto é violência urbana, não está entre os estados mais violentos segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025. O Rio aparece apenas na 15ª posição do ranking de mortes violentas intencionais (MVI), atrás de estados como Amapá e Bahia.
A Bahia, comandada por Jerônimo Rodrigues (PT), ocupa posição de destaque negativo nessas estatísticas. Mesmo com uma redução superior a 8% na taxa de MVI, o estado registrou cerca de 6 mil mortes violentas em 2023, número muito superior ao do Rio de Janeiro e de São Paulo, que possuem populações bem maiores.
Quando os dados são recortados para a letalidade policial, a Bahia lidera em números absolutos: das mortes violentas registradas, 25% foram provocadas por agentes do Estado, o que representa 1.556 óbitos em 2024. Para comparação, São Paulo teve 813 e o Rio, 703.
Municípios baianos entre os mais violentos do país
Cinco das dez cidades brasileiras consideradas mais violentas estão localizadas na Bahia. De acordo com o anuário, Jequié, Juazeiro e Camaçari aparecem em destaque, acompanhados por Simões Filho e Feira de Santana. Ainda assim, Maranguape (CE) lidera o ranking nacional, com quase 80 mortes violentas por 100 mil habitantes.
Violência policial entra no debate pré-eleitoral
A segurança pública já entrou no radar das campanhas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou-se como pré-candidato à presidência e declarou que a Bahia será um tema central nos debates de 2026. Segundo ele, a gestão petista estadual pode ser usada para questionar a efetividade das políticas do governo federal, em especial porque nomes importantes do PT são ligados à Bahia.
O governador da Bahia foi secretário de Rui Costa, o poderoso ministro da Casa Civil. O ministro (da Justiça, Ricardo) Lewandowski é do governo do PT. Lula foi o mais votado na Bahia. E é onde mais se mata no Brasil, o maior percentual de mortes por 100 mil habitantes. Ali há uma verdadeira carnificina. Por que eles não implantaram esse modelo (de segurança integrada) no seu próprio estado? – Ronaldo Caiado
Presença de facções e disputa territorial
A atuação das facções criminosas é outro fator que agrava a situação. Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais, 21 das 88 facções presentes no país atuam na Bahia, que concentra o maior número de grupos. O Comando Vermelho (CV), originário do Rio de Janeiro, e o Bonde do Maluco (BDM), criado no próprio estado, travam disputas pelo controle de territórios principalmente em Salvador, o que eleva as taxas de violência.
A disputa entre CV e BDM em bairros da capital baiana resulta em confrontos diários e reforça o cenário de insegurança.
Governo tenta resposta e defende queda nos índices
O governador Jerônimo Rodrigues reconhece a gravidade dos números, porém, ressalta que há melhora nos indicadores recentes. Ele afirmou em viagem ao interior do estado que o governo tem focado no enfrentamento diário ao crime e na busca por paz para a população baiana.
Estamos com indicadores de segurança pública bastante melhorados em relação a 2022, 2023 e 2024. Mas o que interessa é que nós estamos com foco. O nosso foco é garantir uma Bahia de paz com enfrentamento cotidiano do crime organizado. Nós temos que cuidar para que o crime organizado não tenha espaço na Bahia. E não vai ter. Não tem vez – Jerônimo Rodrigues
O governador também se pronunciou sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro, defendendo que "bandido bom é bandido preso, entregue à Justiça e punido conforme a lei", em entrevista recente à TV Bahia.
Direita aposta em discurso do confronto
A política do confronto virou bandeira para governadores de direita em estados como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar dos altos índices de letalidade policial, esses governos defendem operações duras contra o crime como forma de retomar o controle territorial. Contudo, especialistas criticam os resultados, indicando que a força excessiva pode fortalecer ainda mais as facções.
Dados apontam que estados com política de confronto estão entre os campeões em letalidade policial e continuam enfrentando a expansão do crime organizado.
Integrar, planejar e prevenir: desafio nacional
Autoridades e especialistas defendem a integração entre entes federativos e investimento em inteligência como estratégias fundamentais para romper o ciclo da violência. Uma proposta em debate é a PEC da Segurança Pública, que busca integrar políticas de União, estados e municípios, mas sem prejudicar a autonomia local.
Segundo especialistas citados, combater o crime requer coordenação efetiva entre forças policiais e políticas de prevenção social, além de respeito aos protocolos legais para evitar excessos e proteger o Estado de Direito.
Panorama político nacional em alerta
A Bahia, ao lado de outros estados marcados pela violência, deve figurar entre os temas mais debatidos nas eleições de 2026. A polarização entre o discurso do enfrentamento e propostas de integração institucional coloca a segurança pública no centro da arena política, pressionando governos a apresentar resultados e soluções consistentes para a população.