O abrigo Toda Vida Importa, que acolhe mais de 800 animais resgatados, denunciou que cães e gatos sofreram crises de estresse por causa de fogos de artifício disparados após o título do Flamengo na Libertadores, no último sábado (29).

Localizada em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a instituição relatou que três cães — o Vovô, recém-resgatado; a Baratinha, uma vira-lata branca retirada da Muzema; e o Apollo, um são-bernardo resgatado da Cidade de Deus após sofrer maus-tratos — tiveram convulsões, mas receberam medicação.

Segundo o abrigo, o caso de Apollo foi o mais grave, com diversas convulsões e dificuldade para se levantar. Outros animais também apresentaram crises de ansiedade e falta de ar diante do barulho intenso.

Briga motivada pelo pânico e cadela com mais de 50 pontos

O abrigo informou ainda que uma cadela chamada Pietra foi atacada durante uma briga entre animais, desencadeada pelo pânico causado pelos estampidos dos fogos. Ela foi levada às pressas para um hospital veterinário e precisou levar mais de 50 pontos.

Imagens divulgadas pelo abrigo mostram Vovô, um dos cães que passaram mal com o barulho dos fogos.

Histórico de problemas com fogos no abrigo

Ana Paula Toledo, responsável pela unidade, lembrou que o problema não é novo. Ela relatou que, há três anos, um cão alojado no abrigo morreu após sofrer um infarto durante uma queima de fogos no Réveillon.

Toda vez que tem comemoração, festa de final de ano, a gente sofre muito. Nós temos cães e gatos, todos animais vítimas de maus-tratos e abandono. Então são animais que normalmente já são assustados. Imagina com todos esses fogos. Então toda vez que a diversão se torna sinônimo de animais machucados, feridos ou mortos, deixa de ser diversão e passa a ser crime. Ana Paula Toledo

Lei proíbe fogos com estampido no Rio

No município do Rio de Janeiro, o uso de fogos de artifício com estampido é proibido por lei. A Emenda 22a, de 2018, regulamentada em 2022, veta a fabricação, a comercialização e o uso por particulares.

A legislação tem como objetivo proteger animais, idosos, crianças, pessoas com autismo e outras populações sensíveis ao ruído, reduzindo os impactos provocados pelo barulho de fogos com estrondo.