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Adolescentes negras são submetidas a revista íntima vexatória em loja do JK Shopping

Gerente da Império das Maquiagens levou jovens de 12, 13 e 15 anos a corredor de emergência para revista improvisada; família aciona Justiça e caso é registrado na 17ª DP de Taguatinga Norte

02/12/2025 às 06:35 por Redação Plox

A gerente da loja Império das Maquiagens submeteu três adolescentes negras, de 12, 13 e 15 anos, a uma revista íntima improvisada e vexatória nas dependências do JK Shopping, após alegar ter identificado um suposto “comportamento estranho” pelas câmeras de monitoramento.


Gerente da Império das Maquiagens e seguranças conduziram adolescentes negras de 12 a 15 anos para uma área restrita

Gerente da Império das Maquiagens e seguranças conduziram adolescentes negras de 12 a 15 anos para uma área restrita

Foto: Divulgação/PCDF

Longe da vista do público, em um corredor de emergência, as meninas foram coagidas a levantar as próprias blusas para demonstrar que não escondiam mercadorias junto ao corpo.

O caso foi registrado na 17ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Norte. De acordo com o boletim de ocorrência, as adolescentes haviam acabado de concluir compras na própria loja de cosméticos.

Ao deixarem o estabelecimento, perceberam que estavam sendo seguidas, mas seguiram para o banheiro do centro comercial. Na saída do toalete, o grupo foi abordado por uma mulher identificada como Camila, gerente da Império das Maquiagens.

Adolescentes levadas a área isolada e submetidas a revista

Com base na suposta suspeita observada pelas câmeras, a gerente determinou que as jovens a acompanhassem. Escoltadas por dois seguranças do shopping, um homem e uma mulher, as três foram conduzidas a uma área restrita, fora da circulação de clientes.

No local isolado, a tensão aumentou. Antes de exigir a exposição corporal, a gerente ordenou que as adolescentes abrissem as bolsas e esvaziassem todos os bolsos.

Como nada foi encontrado, a funcionária determinou que as garotas levantassem as blusas para verificar se havia produtos escondidos na região da cintura ou sob as roupas íntimas.

Além da revista física, houve questionamento verbal. A gerente perguntou se as meninas haviam “descartado algo nos banheiros” antes da abordagem. As adolescentes negaram qualquer irregularidade.

Ao fim do procedimento, nenhum item furtado foi localizado. A gerente apenas informou que elas estavam “dispensadas”, sem apresentar pedido de desculpas pelo constrangimento causado.

Família aciona Justiça e defesa fala em racismo estrutural

A família das vítimas buscou a Justiça logo após o episódio. O advogado de defesa das adolescentes, Ricardo Castro, classificou a conduta como abusiva, ilegal e discriminatória, destacando o perfil racial das jovens e o fato de a abordagem se basear em um critério subjetivo de “estranheza”.

Um absurdo tal acontecimento. Três adolescentes negras levadas para uma sala reservada e revistadas de forma íntima, algo que é proibido por lei. Primeiro, por serem mulheres; segundo, por serem adolescentes; terceiro, por serem negras. Vejo um racismo estrutural neste caso.

Ricardo Castro

Shopping se manifesta e loja permanece em silêncio

A coluna do Metrópoles procurou a administração do JK Shopping e o proprietário da Império das Maquiagens, identificado como Victor Albuquerque, para comentar o caso.

O JK Shopping confirmou a ocorrência de um episódio na loja em que clientes relataram ter passado por situação de constrangimento durante o atendimento.

Assim que o caso foi comunicado, a segurança do shopping foi acionada pela própria operação e acompanhou toda a situação de forma preventiva, garantindo a integridade de todos os envolvidos.

JK Shopping

Em nota, o centro de compras afirmou não compactuar com qualquer forma de constrangimento, discriminação ou conduta inadequada em suas dependências, ressaltando o compromisso em manter um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso para clientes, colaboradores e lojistas.


O shopping informou ainda que a administração está em diálogo com a loja e colabora com as autoridades competentes, oferecendo todo o suporte solicitado.

Até o fechamento desta reportagem, o proprietário da Império das Maquiagens não havia respondido às mensagens. O espaço permanece aberto para manifestações.

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