Economia

Dólar recua e Ibovespa opera sob impacto de agenda econômica carregada

Mercado local reage a dados de produção industrial, debates fiscais em Brasília e sinalizações do BC sobre Selic, enquanto Focus reduz projeções de inflação e desemprego cai ao menor nível desde 2012

02/12/2025 às 09:23 por Redação Plox

O dólar abriu em leve queda nesta terça-feira (2), recuando 0,09%, cotado a R$ 5,3532. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inicia a sessão às 10h, em meio a uma agenda doméstica carregada e poucos catalisadores externos.


Dólar inicia o dia em baixa

Dólar inicia o dia em baixa

Foto: Shutterstock/Reprodução

Com o noticiário internacional mais esvaziado, os investidores concentram as atenções nos dados da indústria brasileira, no andamento do quadro fiscal e nas sinalizações recentes do Banco Central sobre a trajetória dos juros.

Indústria em foco e agenda econômica do dia

O IBGE divulga às 9h os números da produção industrial de outubro. A expectativa do mercado é de alta de 0,4% em relação a setembro e de 0,2% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em setembro, a produção tinha recuado 0,4% frente a agosto, mas avançado 2% ante o mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, o setor registra crescimento de 1,0%, e, em 12 meses, de 1,5%.

Os dados ganham relevância adicional após o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, adotar tom mais conservador e afastar a possibilidade de corte da taxa básica de juros já em janeiro. Segundo ele, a autoridade monetária precisa agir com cautela diante de sinais mistos da economia, mesmo após indicadores recentes apontarem desaceleração do emprego e da inflação.

No campo político, a Comissão Mista de Orçamento analisa hoje a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026. Paralelamente, a Comissão de Assuntos Econômicos deve votar o projeto que eleva tributos sobre fintechs e casas de apostas.

Ainda pela manhã, está prevista a análise do relatório da MP 1.309/2025, que libera R$ 30 bilhões para setores afetados por tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Desempenho recente do dólar e da bolsa

No câmbio, o movimento de hoje ocorre após uma sequência de oscilações recentes. Veja o desempenho acumulado do dólar:

Dólar

Acumulado da semana: +0,43%
Acumulado do mês: +0,43%
Acumulado do ano: -13,30%

No mercado de ações, o Ibovespa tenta se ajustar ao cenário de juros elevados por mais tempo e incertezas fiscais.

Ibovespa

Acumulado da semana: -0,29%
Acumulado do mês: -0,29%
Acumulado do ano: +31,83%

Boletim Focus: inflação e juros no radar

Os economistas do mercado financeiro voltaram a reduzir as projeções de inflação para 2025 e 2026, de acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (1) pelo Banco Central.

No mês passado, pela primeira vez no ano, as estimativas passaram a apontar inflação abaixo do teto de 4,5% estabelecido pelo sistema de metas. Esse sistema é uma política usada pelo governo para manter a inflação sob controle, definindo um limite máximo para a alta de preços.

As projeções atuais são:

Para 2025, inflação de 4,43% (ante 4,45%).
Para 2026, 4,17% (ante 4,18%).
Para 2027, 3,80%.
Para 2028, 3,50%.

Além da inflação, o relatório também traz as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB), indicador-chave da atividade econômica. Para 2025, a projeção de crescimento ficou estável em 2,16%, e, para 2026, em 1,78%.

A taxa básica de juros (Selic), que influencia diretamente o custo de crédito, também permanece no centro das atenções. Para o fim de 2025, a mediana das projeções continua em 15% ao ano, mesmo nível atual. Para 2026, a estimativa segue em 12% ao ano.

BC vê Selic restritiva por período “bastante prolongado”

Os sinais de moderação da inflação também ampliaram o peso das falas recentes do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a condução da política monetária.

Em evento da XP Investimentos, Galípolo afirmou que os dados da economia brasileira apontam para um mercado de trabalho aquecido e um cenário mais complexo do que o inicialmente previsto, o que, na avaliação dele, exige uma postura mais conservadora na definição da Selic.

A taxa de desemprego recuou para 5,4% no trimestre encerrado em outubro — o menor patamar desde o início da série histórica, em 2012 — mesmo em um ambiente de juros elevados e indicadores mistos no mercado de trabalho.

O Brasil vive um contexto em que variáveis que normalmente caminham juntas passaram a se mover em direções inesperadas — como juros altos acompanhados simultaneamente por queda do desemprego e da inflação. Gabriel Galípolo

Ele avaliou que os indicadores têm enviado sinais contraditórios, o que torna mais difícil mensurar com clareza o impacto da política de juros sobre a atividade econômica. Segundo Galípolo, “não tem sido simples” analisar o comportamento do mercado de trabalho.

O presidente do BC ressaltou ainda que a instituição tem mantido a expressão “bastante prolongado” para descrever por quanto tempo a Selic deve permanecer em terreno restritivo. De acordo com ele, esse horizonte não é reiniciado a cada reunião do Copom, mas segue uma trajetória contínua, e não há, por ora, indicação clara sobre o próximo movimento da taxa básica, que depende da avaliação, encontro a encontro, dos novos dados econômicos.

Bolsas globais recuam após novos dados e à espera do Fed

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários encerraram o primeiro pregão do mês em queda, pressionados por novos indicadores econômicos e pela expectativa em torno de um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.

O Dow Jones caiu 0,90%, aos 47.289,33 pontos. O S&P 500 recuou 0,53%, para 6.812,63 pontos, enquanto o Nasdaq cedeu 0,38%, a 23.275,92 pontos.

Na Europa, as bolsas também fecharam no vermelho, em movimento de correção após um novembro positivo. O setor de defesa liderou as perdas, em meio ao avanço das negociações para um possível cessar-fogo na Ucrânia — cenário que, ao mesmo tempo em que traz alívio geopolítico, pressiona as ações de empresas ligadas à área militar.

O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,23%, a 575,08 pontos. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,18%, para 9.702,53 pontos; em Frankfurt, o DAX perdeu 1,04%, a 23.589,44 pontos; e, em Paris, o CAC 40 cedeu 0,32%, a 8.097,00 pontos. O segmento de defesa do STOXX 600 teve queda de 2,88%.

Pregões na Ásia têm desempenho misto

Na Ásia, o pregão foi marcado por movimentos divergentes entre as principais praças. As bolsas da China continental e de Hong Kong avançaram, impulsionadas por ações ligadas a metais e inteligência artificial. Investidores seguem otimistas com a possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos, apesar da fraqueza da economia chinesa.

Em Xangai, o índice SSEC subiu 0,65%, a 3.914 pontos, enquanto o CSI300 avançou 1,10%, a 4.576 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,67%, fechando a 26.033 pontos.

Já no Japão, o Nikkei recuou 1,89%, a 49.303 pontos. Em Seul, o Kospi caiu 0,16%, para 3.920 pontos. Em Taiwan, o Taiex teve baixa de 1,03%, a 27.342 pontos, enquanto, em Cingapura, o Straits Times registrou leve alta de 0,05%, a 4.526 pontos.

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