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São Paulo bate recorde de feminicídios consumados em 2025; estado tem alta de 8%

Entre janeiro e outubro, capital soma 53 feminicídios consumados, maior número da série histórica iniciada em 2015, enquanto o estado registra 207 casos no período e vê crescer a gravidade da violência contra mulheres, com ataques brutais na Zona Norte.

02/12/2025 às 08:34 por Redação Plox

Entre janeiro e outubro de 2025, a cidade de São Paulo registrou 53 casos de feminicídio consumado, o maior número anual desde o início da série histórica, em abril de 2015. Mesmo sem os dados de novembro e dezembro, que ainda não foram divulgados, a capital paulista já concentra o recorde de ocorrências desse tipo de crime.


Os números foram levantados pela GloboNews a partir das estatísticas disponibilizadas no Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). São considerados apenas os feminicídios consumados, sem incluir as tentativas, como o caso da mulher atropelada e arrastada por cerca de 1 km por um ex-parceiro no sábado (29).

São Paulo tem maior número de feminicídios já registrado em um primeiro semestre

São Paulo tem maior número de feminicídios já registrado em um primeiro semestre

Foto: Reprodução / TV Globo.



No estado de São Paulo, foram 207 feminicídios entre janeiro e outubro de 2025. No mesmo período de 2024, foram 191 casos, o que representa um aumento de 8% nos dez primeiros meses do ano.

Evolução dos casos na capital paulista

Desde que a categoria passou a ser contabilizada de forma específica, o volume de feminicídios na cidade de São Paulo vem oscilando, mas com tendência de alta em 2025. Veja os números anuais:

Feminicídios na cidade de SP

2025 (até outubro): 53
2024: 51
2023: 38
2022: 41
2021: 33
2020: 40
2019: 44
2018: 29
2017: 26
2016: 13
2015 (a partir de abril): 6


Fonte: SSP

Lei do feminicídio e mudança na contabilização

O crime de feminicídio foi incluído na legislação federal em março de 2015. A partir daí, passou a ser registrado de forma autônoma em relação a outros tipos de homicídio. A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, ou quando há menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. As penas variam de 12 a 30 anos de prisão.


Para Silvana Mariano, coordenadora do Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), o crescimento dos registros não se explica apenas pelo aumento da misoginia, mas também pela consolidação da tipificação do crime como homicídio qualificado e hediondo.

Uma hipótese que tínhamos com a nova lei, tendo o feminicídio como crime autônomo, era de passarmos também um período em que isso iria contribuir para o crescimento dos números

Silvana Mariano

Ela avalia que, ao mesmo tempo em que há avanço na violência contra a mulher, as autoridades também se mostram mais preparadas para reconhecer a morte violenta e intencional de mulheres a partir de uma perspectiva de gênero, o que leva à classificação como feminicídio.


Silvana ressalta ainda que o enfrentamento ao feminicídio não se limita à segurança pública. Segundo a coordenadora do Lesfem, políticas de educação, saúde, assistência social, renda, trabalho e habitação precisam atuar de forma integrada para prevenir a violência contra a mulher e impedir que ela escale até o assassinato.

Casos recentes na capital

Na manhã de sábado (29), uma mulher de 31 anos foi atropelada e arrastada por mais de um quilômetro por um carro dirigido pelo ex-companheiro até a Marginal Tietê, em São Paulo. De acordo com o boletim de ocorrência, ela passou por cirurgias, teve as pernas amputadas devido à gravidade das lesões e segue internada em estado grave.


Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu depois que a vítima, Tainara Souza Santos, deixou um bar no Parque Novo Mundo, na Zona Norte. Mãe de dois filhos, de 12 e 7 anos, ela foi socorrida em estado gravíssimo e levada ao Hospital Municipal Vereador José Storopolli, na Vila Maria, também na Zona Norte. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso.


Na segunda-feira (1º), outro episódio de violência ocorreu na Zona Norte: um homem atirou pelo menos quatro vezes contra a ex-companheira, de 38 anos, no bairro Jardim Fontalis, usando duas armas ao mesmo tempo.


A tentativa de feminicídio aconteceu dentro da pastelaria onde Evelin de Souza Saraiva trabalha e foi registrada por uma câmera de segurança. Ela foi socorrida pelo helicóptero Águia da Polícia Militar e levada ao Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia e permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadro considerado delicado.


O suspeito, Bruno Lopes Barreto, fugiu do local em uma motocicleta e, até a última atualização da reportagem original, seguia foragido. Um pedido de prisão temporária foi apresentado à Justiça.

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