O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou à Justiça Michelle Paiva da Silva por suspeita de ter contratado, por R$ 4 mil, as irmãs gêmeas Ana Paula e Roberta Fernandes para envenenar e matar o próprio pai idoso, no Rio de Janeiro. A Promotoria também pediu a conversão da prisão temporária de Michelle em preventiva.

Até a última atualização, não havia decisão judicial sobre o pedido. Caso a denúncia seja aceita, Michelle passará à condição de ré pelo homicídio do pai. As irmãs Ana Paula e Roberta já respondem presas por esse e outros três assassinatos, todos por envenenamento.

Michelle, de 43 anos, está detida no 1º Distrito Policial (DP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ela é acusada de participação na morte de Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, ocorrida em 26 de abril deste ano, na casa onde ele vivia com a filha, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Desavenças familiares e plano de envenenamento

De acordo com a denúncia apresentada pelos promotores Rodrigo Merli Antunes e Vania Caceres Stefanoni, Michelle mantinha desavenças e discussões com o pai. Por esse motivo, teria pedido ajuda às irmãs Ana Paula e Roberta para matar o idoso.

Ana Paula, que cursou direito com Michelle no Rio de Janeiro, teria sugerido o uso de veneno de rato na comida de Neil. Segundo a apuração, ela saiu de Guarulhos em direção a Duque de Caxias e colocou "chumbinho" na feijoada do homem, que comeu o prato e morreu em seguida.

A Promotoria acusa Michelle de homicídio triplamente qualificado e agravado, crime cuja pena pode chegar a 40 anos de reclusão.

Em nota, o MP informou que se trata de homicídio por motivo torpe, meio insidioso e cruel, com recurso que dificultou a defesa da vítima e praticado contra pessoa com mais de 60 anos. Michelle foi presa em outubro. 

Gêmeas seguem presas e são acusadas de quatro assassinatos

Ana Paula está presa na Penitenciária Feminina de Tremembé, no interior paulista. Roberta cumpre prisão na Penitenciária de Santana, na Zona Norte de São Paulo. As duas foram detidas entre julho e agosto.

As irmãs Fernandes, de 36 anos, são acusadas de envenenar e matar, entre janeiro e maio deste ano, Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues, em Guarulhos; Neil Corrêa da Silva, em Duque de Caxias; e Hayder Mhazres, na capital paulista. Segundo o MP, o interesse delas era financeiro, além de sentirem prazer em matar.

Exumação e audiência de instrução marcadas

A Justiça determinou a exumação do corpo de Marcelo, enterrado na Tunísia, seu país de origem. Exames feitos no Brasil não detectaram veneno no cadáver, o que levou à necessidade de nova análise após a exumação.

O Judiciário marcou para os dias 6 a 8 de abril de 2026 a primeira audiência de instrução do caso das gêmeas, que será realizada no Fórum de Guarulhos.

Versões das investigadas e avanço das apurações

Em interrogatório à polícia, Ana Paula confessou duas das mortes e negou envolvimento nas outras. Roberta declarou ser inocente. 

Para o Ministério Público, as irmãs se enquadram no perfil de "serial killers" e sentem prazer ao matar. A investigação aguarda o resultado de laudos que vão apontar qual substância foi colocada em comidas e bebidas das vítimas. Na casa onde as gêmeas moravam, a perícia encontrou "chumbinho", um tipo de veneno usado em algumas das ações.

Investigação inclui morte de animais e análise comportamental

A polícia também apura se Ana Paula envenenou e matou pelo menos 14 cães. Conforme o inquérito, ela mesma confessou o crime aos investigadores: dez dos animais eram filhotes que pertenciam à irmã, e quatro eram do ex-marido da estudante.

O Núcleo de Análise Comportamental e Criminal (NACC) do DHPP foi acionado e deverá produzir um documento específico sobre o perfil de Ana Paula e Roberta, para subsidiar as investigações e o processo judicial.