Durante sessão no plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (1º), o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) denunciou o que chamou de perseguição jurídica promovida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) contra Alexandre Fonseca, de 33 anos, morador de Volta Redonda (RJ).
Segundo o parlamentar, o morador, que defende o meio ambiente, foi recentemente notificado sobre mais um processo judicial movido pela empresa, elevando para nove o número total de ações contra ele — sete delas na esfera criminal. Braga afirmou que Alexandre tem se limitado a denunciar os efeitos da poluição causada pela siderúrgica na cidade, o que, segundo ele, configura um ataque à liberdade de expressão.
“O único ‘crime’ cometido por ele foi expor publicamente os impactos ambientais causados pela empresa na região”, declarou.
Em entrevista ao PLOX, Alexandre Fonseca relatou que nasceu e vive em Volta Redonda, e que tem sido alvo de uma ofensiva judicial da CSN por denunciar irregularidades ambientais. De acordo com ele, a companhia atua há anos com licença ambiental provisória, sem jamais ter obtido uma autorização definitiva.
Fonseca alega que a CSN opera com base em sucessivos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) firmados com o Ministério Público. “A empresa firma um acordo, não cumpre, e em seguida assina outro. Isso vem se repetindo ao longo dos anos”, afirma.
Ainda segundo ele, cerca de 20% do território urbano de Volta Redonda pertence à CSN.
Além das denúncias ambientais, Fonseca afirma estar sofrendo pressões e tentativas de censura judicial. Em julho de 2023, a CSN obteve na Justiça uma liminar que o impedia de fazer críticas públicas à empresa, com base em postagens nas redes sociais.
“Eles extraíram frases minhas da internet e transformaram em processos. Mais de 20 advogados foram mobilizados contra mim. Sete deles, inclusive, especializados na área criminal. É uma tentativa clara de me silenciar”, disse o morador.
Segundo ele, uma das ações judiciais foi motivada por uma declaração em que mencionava a dívida milionária da CSN com impostos. Em outro caso, ele foi processado apenas por ter declarado que foi processado.
Fonseca também denunciou a ocorrência de acidentes e mortes nas instalações da empresa. Segundo seus dados, 500 acidentes de trabalho teriam sido registrados nos últimos dois anos, e 15 pessoas teriam morrido dentro da unidade industrial nos últimos 11 anos.
Com nove processos em andamento, Fonseca afirma não possuir recursos financeiros para custear sua defesa, embora alguns advogados tenham se mobilizado voluntariamente para ajudá-lo.
“Às vezes estou recebendo um oficial de Justiça na porta, e a CSN já está preparando mais um processo contra mim. Querem me calar à força. É um dos grupos mais poderosos do Brasil contra o povo de Volta Redonda, abandonada, desabafa.
Ele também questiona a efetividade da atuação do Ministério Público Federal e defende uma medida mais enérgica:
“A única saída real seria uma intervenção federal”, conclui.
O PLOX procurou a Assessoria de Comunicação da CSN, apresentando o teor das denúncias feitas por Alexandre Fonseca e pelo deputado Glauber Braga. Até o momento, não houve resposta. Caso a companhia se manifeste, seu posicionamento será publicado integralmente nesta reportagem.