Crimes envolvendo serviço funerário leva à prisão do prefeito de Criciúma em operação policial

O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), foi preso na manhã desta terça-feira (3) durante uma operação policial que investiga crimes relacionados à concessão de serviços funerários em Santa Catarina. Além do prefeito, outras nove pessoas foram detidas preventivamente sob acusação de integrar um esquema que favorece um cartel de empresas responsáveis por esses serviços em várias cidades do estado.

Desdobramento da operação Mercadantes da Morte

A prisão de Salvaro marca a segunda fase da operação Caronte, que é um desdobramento da operação Mercadantes da Morte, iniciada em 2022. Esta investigação, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Santa Catarina, revelou um cartel que opera na prestação de serviços funerários em diversas prefeituras do estado. O esquema, que começou em Florianópolis, estendeu-se para outras cidades, incluindo Criciúma, onde as empresas envolvidas fixaram preços superfaturados e eliminaram a concorrência.

Mandados e prisões em várias cidades

Os mandados de prisão e busca e apreensão foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina e executados nas cidades de Criciúma, Florianópolis, Jaraguá do Sul e São José. Durante a primeira fase da operação, deflagrada em 5 de agosto, sete suspeitos já haviam sido presos. As provas coletadas nessa etapa levaram os promotores de Justiça a denunciar os investigados por crimes como organização criminosa, fraudes em licitações, corrupções e crimes contra a ordem econômica.

Ampliação das investigações e novas prisões

Com a análise dos documentos e depoimentos obtidos na primeira fase, os investigadores identificaram mais 10 pessoas ligadas ao esquema, incluindo o prefeito Clésio Salvaro. Todos os detidos foram submetidos a exames de corpo de delito e encaminhados ao sistema prisional, onde aguardam audiência de custódia.

Reação e defesa do prefeito

Em resposta às prisões, a prefeitura de Criciúma divulgou que uma reunião seria realizada na manhã desta terça-feira para discutir o assunto. A assessoria de Salvaro também compartilhou um vídeo no qual o prefeito nega qualquer envolvimento nos crimes e sugere que as acusações têm motivações políticas. Vale destacar que Salvaro está em seu segundo mandato como prefeito de Criciúma e, por lei, não pode concorrer à reeleição.

Nome da operação e contexto histórico

O nome da operação, Caronte, é uma referência ao barqueiro da mitologia grega que transportava as almas dos mortos através dos rios Estige e Aqueronte, que separavam o mundo dos vivos do mundo dos mortos. A escolha do nome sublinha a natureza sombria das atividades investigadas, que envolvem a exploração de serviços essenciais como o funerário, em detrimento do bem público.

Origem do esquema e impacto em Florianópolis

As investigações apontam que o esquema teve início em Florianópolis, onde as empresas envolvidas administravam o cemitério municipal desde 2019, com contratos previstos para vencer em fevereiro de 2024. Em novembro de 2023, a operação já havia realizado uma série de mandados em Florianópolis, Criciúma e São José, recolhendo documentos, celulares e outros itens que fundamentaram as duas fases da operação Caronte.