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Economia
Brasil registra menor nível de pobreza em 12 anos, aponta IBGE
Síntese de Indicadores Sociais 2024 mostra queda recorde da pobreza e da extrema pobreza, alta da renda per capita e redução da desigualdade, mas expõe concentração da miséria entre crianças, negros, mulheres e moradores do Norte e Nordeste
03/12/2025 às 10:41por Redação Plox
03/12/2025 às 10:41
— por Redação Plox
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No ano passado, o Brasil registrou os menores níveis de pobreza e extrema pobreza desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012. Os dados integram a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024, divulgada nesta quarta-feira (3).
Brasileiros
Foto: Agência Brasil
Entre 2023 e 2024, a proporção da população em extrema pobreza recuou de 4,4% para 3,5% — queda de 0,9 ponto percentual, o equivalente a 1,9 milhão de pessoas. A taxa de pobreza passou de 27,3% para 23,1%, o que representa 8,6 milhões de brasileiros a menos nessa condição.
O estudo tem como base o conceito de pobreza monetária, situação em que a renda familiar não é suficiente para garantir o básico para viver com dignidade. O IBGE considera apenas o dinheiro disponível, sem levar em conta outros aspectos relevantes, como qualidade da moradia, acesso à educação ou proteção social.
Como o Brasil não dispõe de uma linha oficial de pobreza, o levantamento do IBGE utiliza parâmetros do Banco Mundial, calculados pela Paridade do Poder de Compra (PPC). Em 2024, foram considerados pobres os domicílios com renda inferior a US$ 6,94 por pessoa ao mês e extremamente pobres aqueles com renda abaixo de US$ 2,18.
Segundo o IBGE, a redução da pobreza ocorreu em um contexto de aumento da renda média. O rendimento domiciliar per capita — a soma da renda da casa dividida pelo número de moradores — alcançou R$ 2.017 mensais em 2024, o maior valor já registrado pela pesquisa. Em 2012, esse rendimento era de R$ 1.697.
O avanço foi ainda mais intenso entre os 10% mais pobres, cuja renda cresceu 13,2% em apenas um ano.
Desigualdade de renda diminui, mas segue alta entre grupos sociais
A pesquisa mostra que a desigualdade de renda também recuou. O Índice de Gini caiu de 0,517 em 2023 para 0,504 em 2024, o menor patamar desde o início da série histórica, em 2012. Na prática, isso indica que a distância entre o que os mais ricos e os mais pobres ganham ficou um pouco menor.
O Índice de Gini varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 0, mais igualitária é a distribuição de renda; quanto mais perto de 1, mais concentrada ela está. Em 2004, o Brasil registrou 0,591, um dos maiores níveis de desigualdade entre 127 países.
De acordo com o pesquisador do IBGE André Geraldo de Moraes Simões, a queda da pobreza e da desigualdade nos últimos anos está associada ao aquecimento do mercado de trabalho e à ampliação dos benefícios sociais.
Mais de 70% da renda domiciliar per capita vem do trabalho. Quando o mercado de trabalho está dinâmico [com mais oportunidades], isso impacta diretamente na renda das famílias
André Geraldo de Moraes Simões, pesquisador do IBGE
Simões destaca que programas de transferência de renda, como Bolsa Família e Auxílio Brasil, também tiveram papel decisivo em determinados períodos. Sem esses benefícios, a proporção de pessoas em extrema pobreza saltaria de 3,5% para 10% da população, enquanto a taxa de pobreza subiria de 23,1% para 28,7% em 2024.
Ele lembra ainda que, em 2019 e 2020, a redução da pobreza foi impulsionada pelos benefícios emergenciais, que sustentaram a renda das famílias. Com a redução ou restrição de acesso a esses auxílios em 2021, a pobreza voltou a crescer, em um cenário em que o mercado de trabalho ainda se encontrava fragilizado.
Mesmo com a melhora geral, persistem fortes desigualdades entre grupos sociais. Crianças e adolescentes de 0 a 14 anos são os mais expostos: 39,7% vivem abaixo da linha de pobreza. Pessoas pardas e pretas também enfrentam índices mais altos, com taxas de 29,8% e 25,8%, respectivamente.
Entre as mulheres, a taxa de pobreza chega a 24%, acima da observada entre os homens. Já entre idosos, a proporção é bem menor, de 8,3%, reflexo sobretudo da aposentadoria e de benefícios previdenciários.
Nordeste ainda concentra metade da pobreza do país
O levantamento revela diferenças marcantes entre as regiões brasileiras. O Nordeste, que abriga 26,9% da população do país, concentra 50,3% das pessoas em extrema pobreza e 45,8% das pessoas pobres.
Em 2024, 39,4% dos moradores do Nordeste viviam abaixo da linha de pobreza. No Norte, a taxa chegou a 35,9%. Na outra ponta, Sul e Centro-Oeste registraram as menores proporções de extrema pobreza, com 1,5% e 1,6%, respectivamente.
Pobreza persiste mesmo entre quem trabalha
O IBGE também analisou o grupo dos chamados working poor — pessoas que têm ocupação, mas ainda vivem em domicílios pobres. Em 2024, 11,9% dos trabalhadores, cerca de 12 milhões de pessoas, estavam nessa situação. A extrema pobreza atingiu 0,6% dos ocupados, o que corresponde a 585 mil pessoas.
O estudo aponta, porém, que o risco de pobreza é bem maior entre quem não trabalha: 47,6% dos desocupados e 27,8% das pessoas fora da força de trabalho são pobres. Regionalmente, o Nordeste concentra 24% de todos os trabalhadores pobres do país.
Algumas ocupações aparecem com maior peso entre os trabalhadores em situação de pobreza. Destacam-se trabalhadores domésticos, que representam 8,7% do total de trabalhadores pobres, e agricultores e trabalhadores rurais qualificados, com 6,6%.
Ao todo, 10 ocupações concentram 41,7% de todos os trabalhadores pobres do Brasil.
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