Ministra de Lula tem foto com miliciano e irmã favorecida em troca de contrato

A edição do Politicando desta quinta-feira (5) traz as primeiras polêmicas do governo Lula. Indicado à Petrobras, Jean Paul Prates, tem empresas ligadas ao setor de petróleo e gás; Ministério Público aponta que irmã da ministra do Turismo ganhou um carro em troca de contrato; Lula convoca primeira reunião com governadores; presidente fará reunião ministerial nesta sexta-feira (5); Governo Lula usa linguagem neutra em eventos e; Alexandre de Moraes determina a própria prisão, em provável ataque hacker. Estes são os principais assuntos do programa de hoje.

Indicado para presidir a Petrobrás tem empresas ligadas ao setor de petróleo

Na segunda-feira (2), o senador e novo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), confirmou que o nome do senador Jean Paul Prates (PT-PI), será levado para ser apreciado pelos conselheiros da Petrobrás. A indicação dele já havia sido adiantada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Amanhã de manhã [terça-feira], meu primeiro ato como ministro de Minas e Energia será encaminhar para o conselho da Petrobrás o nome do técnico, senador da República Jean Paul Prates para presidir aquela empresa”, disse Silveira na noite de segunda-feira (2).

Acontece que Prates é sócio de duas empresas ligadas ao setor de óleo e gás. De acordo com a Receita Federal, o senador petista é sócio administrador da Carcará Petróleo Ltda, que tem como a principal atividade a exploração de petróleo. A empresa ainda realiza estudos geológicos, serviços de engenharia, holdings de instituições não-financeiras e agentes de comércios de combustíveis minerais, produtos siderúrgicos e químicos.

Prates também tem seu nome atrelado a consultoria Singleton, que por sua vez é sócia da Carcará Petróleo. Como o próprio nome já sugere, a organização exerce consultorias, principalmente de gestão empresarial. Além disso, a Singleton também faz sociedade com a Bioconsultants Consultoria em Recursos Naturais e Meio Ambiente.

Por conta da relação com essas empresas, Prates pode ser enquadrado na Lei das Estatais, o que o impediria de assumir a Petrobrás sob a justificativa de “conflito de interesses”. 

Prates soltou uma nota informando que a sua participação societária não seria nenhum impeditivo para assumir a estatal brasileira.

“Em relação à participação societária de Jean Paul Prates em empresas que estão inativas há alguns anos, é preciso deixar claro que não há nenhuma necessidade legal ou de conformidade dele se manter ou não como sócio desses empreendimentos. No entanto, como a transparência sempre foi um princípio defendido em toda a vida pública de Jean Paul Prates, ele decidiu-se pelo desligamento da estrutura societária dessas empresas, mantendo apenas a holding Singleton ativa com o objetivo de administrar imóveis de sua propriedade”. Disse a nota.

MP aponta que irmã da ministra do Turismo ganhou um carro em troca de contrato

Outra questão polêmica em torno dos primeiros dias do governo Lula se diz a respeito da nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União). Uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que uma irmã de Daniela, Djelany de Souza, recebeu um Toyota Corolla como retribuição por um contrato superfaturado fechado pela prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O responsável pelo contrato era o prefeito da cidade, Wagner dos Santos (União), o Waguinho, marido da ministra.

A investigação do MP concluiu que Waguinho comandava uma quadrilha responsável por desviar R$ 14 milhões dos cofres públicos. A investigação envolvia supostas irregularidades na contratação de empresas para a prestação dos serviços de coleta e destinação de lixo em Belford Roxo.

Djelany de Souza teria recebido o automóvel de uma dessas empresas. O “presente”, segundo o MP, foi uma forma de agradar Waguinho por um favor que permitiu à firma ganhar o contrato. 

Além disso, foi apontado um suposto elo entre Daniela e o miliciano Juracy Alves. Os dois fizeram campanha juntos para a Câmara dos Deputados. Juracy, ex-sargento, é apontado como chefe de uma milícia acusada de vários assassinatos em Belford Roxo (RJ).

O ex-militar chegou a ser condenado a 26 anos de prisão e estava preso desde 2009. Em 2017, Juracy passou para o regime semiaberto e começou a prestar serviços para prefeitura de Belford Roxo, onde o prefeito é o marido de Daniela.

Governo Lula fará reunião ministerial amanhã (6)

O presidente Lula (PT) anunciou através de um tweet publicado na manhã desta quinta-feira que, na sexta-feira (6) irá ocorrer a primeira reunião ministerial de seu governo.

“Hoje terei mais um dia de reuniões no Palácio do Planalto e amanhã temos a 1º reunião com todo o ministério. Estamos trabalhando com muita dedicação porque temos um compromisso com o país. O governo tem que cuidar de quem mais precisa e é isso que vamos recuperar. Bom dia!”, diz o tweet de Lula.

O encontro de Lula será utilizado para aparar as arestas como nos casos de Daniela e Prates. Além disso, deve alinhar com o primeiro escalão de seu governo formas de se comunicar sem gerar ruídos.

Durante a semana, o ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) disse que uma contrarreforma da previdência seria avaliada, com o intuito de revogar medidas tomadas no governo Bolsonaro. Já Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, disse que a revogação da reforma da previdência não foi cogitada no atual governo.

Lula se reunirá com governadores ainda neste mês de janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir com os 27 governadores de estado e do Distrito Federal no próximo dia 27 de janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília. A informação foi dada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, em conversa com jornalistas. O encontro já fazia parte dos planos e era verbalizado pelo presidente durante a campanha.

Segundo Rui Costa, a reunião com governadores vai marcar a retomada do diálogo institucional entre a União, estados e municípios.

“A pauta é o retorno das relações federativas da União com os estados e municípios, que ficou paralisada todos esses anos. Vamos institucionalizar esse retorno, estabelecer um fluxo. A ideia é que o governo tenha reuniões regulares com governadores e com fórum de prefeitos para dar capilaridade às políticas de governo e buscar, eu diria, maior eficiência no ato de governar”, afirmou o ministro.

Ainda segundo Costa, o presidente pedirá que os estados tragam seus projetos prioritários para discussão com o governo federal.

Governo Lula usa linguagens neutras em eventos

As cerimônias de transmissão de cargos dos novos ministros do governo Lula na última segunda-feira (2) e terça-feira (3), contou com o uso da linguagem não binária, popularmente conhecida como linguagem neutra.

Ao discursar no Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, saudou todos dizendo "boa tarde a todas, a todos e a todes”.

Na cerimônia de posse do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a linguagem neutra também foi utilizada. No caso, a mestre de cerimônia referiu-se aos convidados como “todes” ao convidá-los para ficarem de pé na execução do hino nacional. Ao contrário de Padilha, Haddad não usou a expressão. 

O fato voltou a ocorrer nas cerimônias de posse dos ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida; da Cultura, Margareth Menezes; e das Mulheres, Cida Gonçalves.

Sistema do CNJ é invadido e Alexandre de Moraes determina a própria prisão

Uma invasão no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nessa quarta-feira (4) está sendo investigada pela Polícia Federal como um possível ataque hacker. Na ocasião, foi expedido um mandado de prisão falso onde o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pede a própria prisão.

O Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), recebe os mandados de prisão expedidos pelos juízes de todo país. Ontem, foi incluído um documento falso que veio do gabinete de Moraes, no qual dizia: “expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L".

Em tom de ironia, no mandado falso também diz que Moraes é como um “Deus”. "sem me explicar, porque sou como um deus do olimpo, defiro a petição inicial, tanto em razão da minha vontade como pela vontade extraordinária de ver o Lula continuar na presidência".

O documento fraudulento ainda condena o ministro a pagar uma multa de R$ 22,9 milhões. O mesmo valor da punição aplicado por ele contra o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pediu a anulação dos votos de mais de metade das urnas na última eleição.

Após a descoberta da invasão, o CNJ limitou o acesso ao sistema e pediu a abertura de uma investigação do ocorrido.