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Por medo de envenenamento, Bolsonaro mantém ritual rígido para receber comida na PF
Preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, ex-presidente delega a aliados de confiança o envio das refeições, em mais um capítulo de um padrão de paranoia que marcou sua trajetória política
05/12/2025 às 10:51por Redação Plox
05/12/2025 às 10:51
— por Redação Plox
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Preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém um antigo ritual que o acompanha desde os tempos de deputado do chamado baixo clero: o medo constante de ser envenenado. Desde o fim da semana passada, sua defesa escalou três pessoas “de confiança absoluta” para levar comida a ele na unidade da PF.
Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, a medida não seria motivada por desconfiança direta em relação aos agentes federais, mas por um temor difuso quanto ao percurso dos alimentos até a cela, “horror ao desconhecido”, como descreve.
Bolsonaro busca garantir atendimento médico especializado permanente na unidade da PF
Foto: Reprodução / Agência Brasil.
Controle rígido sobre comida e água
Para quem conviveu de perto com Bolsonaro, o comportamento não causa surpresa. Assessores e aliados relatam que ele sempre viveu sob a sombra de uma ameaça invisível, alimentada por teorias sobre a ditadura militar, relatos truncados do período e uma dose permanente de paranoia.
Nos bastidores de seu governo, circulava a informação de que o então presidente dormia no Palácio da Alvorada, cercado por forte esquema de segurança, com uma arma ao alcance da mão, temendo um possível ataque while estivesse vulnerável.
O zelo em relação à própria segurança se estendia a hospitais e consultórios. Como deputado e candidato em 2018, Bolsonaro evitava ser atendido em unidades de saúde onde os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff já haviam estado. O receio era de que algum médico simpatizante do PT pudesse agir contra ele durante um atendimento.
Garrafinhas próprias em viagens internacionais
Já no Palácio do Planalto, o então presidente passou a viajar com caixas de garrafas de água brasileiras, inclusive em voos internacionais. Em deslocamentos para o exterior, como em Nova York, integrantes de sua equipe carregavam malas exclusivas apenas com as garrafinhas consideradas “seguras”.
Em Brasília, o hábito se repetia em debates, entrevistas e até em agendas oficiais. A rotina era baseada na ideia de que, ao controlar a origem da água, seria possível reduzir o risco de envenenamento.
Recusa de água no STF
O ritual se manteve mesmo diante do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a fase de interrogatório no julgamento que resultou em sua condenação a 27 anos e três meses de prisão no inquérito sobre a tentativa de golpe, Bolsonaro permaneceu sentado por horas, mas recusou os copos d’água oferecidos aos presentes na Primeira Turma.
Em determinado momento, um dos aliados tentou contornar a situação com uma garrafa fechada, entregue pela segurança do tribunal. Mesmo assim, Bolsonaro não aceitou beber o conteúdo, reforçando a lógica de desconfiança em relação a qualquer item que não tivesse controle absoluto de origem.
Paranoia em ambiente vigiado
Na Superintendência da PF, o cenário é de vigilância constante: a cela conta com câmeras, monitoramento e poucas variáveis fora de controle – um ambiente que tenderia a transmitir sensação de segurança à maioria das pessoas. Para Bolsonaro, porém, tudo segue sendo potencialmente adulterável, manipulável e contaminável.
Nessa visão, qualquer elo da cadeia – da cozinha ao transporte, passando pela embalagem – pode ser explorado como brecha para um eventual atentado. O resultado é uma rotina que exige logística específica e impacta até o cotidiano institucional da Polícia Federal, obrigada a se adaptar a um dos presos mais desconfiados do país.
Origem incerta do medo
Não há consenso entre pessoas próximas sobre a origem exata desse temor. Alguns apontam para lembranças de práticas de tortura atribuídas a militares do período da ditadura, figuras que Bolsonaro admira, e ao impacto, ainda que tardio, dessas histórias sobre sua percepção de risco.
Outros relacionam o comportamento à facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018, evento que teria reforçado a visão de um ambiente permanentemente hostil e imprevisível. A partir daí, o mundo teria passado a ser interpretado como um campo minado.
Fato é que, com o tempo, a paranoia se transformou em método, em rotina operacional e em política de segurança pessoal. Hoje, mesmo em uma cela vigiada, Bolsonaro procura manter o máximo de controle sobre o que come e bebe, como se quisesse, metaforicamente, plantar as próprias árvores, colher as próprias frutas e extrair a própria água, garantindo, em cada etapa, que nada fosse alterado entre a origem e a garrafa que chega às suas mãos.
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