José Dirceu apoia prisão domiciliar para Bolsonaro

Durante entrevista concedida à BBC News Brasil nesta segunda-feira (6), o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, afirmou considerar apropriado e justo que o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpra pena em regime domiciliar. Segundo ele, a condição de saúde do ex-mandatário, aliada a riscos de segurança, inviabilizaria o cumprimento da pena em presídio comum.

Dirceu fez uma comparação com outros ex-presidentes que também foram condenados pela Justiça. Citou o caso de Fernando Collor, que cumpre prisão em casa, e lembrou que o próprio ex-presidente Lula, apesar de ter sido preso, permaneceu em uma cela especial dentro da sede da Polícia Federal. $&&$“É verdade que não foi assim com o presidente Lula, mas ele ficou na sede da Polícia Federal, em uma prisão especial”$,&&$ declarou.

Na visão do ex-ministro, o sistema penitenciário brasileiro é dominado por facções criminosas, o que aumenta os riscos para presos que estejam em situação de vulnerabilidade, como seria o caso de Bolsonaro. $&&$“Acho muito improvável colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário, que é controlado pelo crime organizado”$,&&$ afirmou, acrescentando que, caso fosse enviado a uma penitenciária comum, o ex-presidente teria de ser mantido em isolamento.

Dirceu ainda compartilhou experiências pessoais do tempo em que esteve preso, dizendo que, por motivos de segurança, ele e outros detentos em condição semelhante não tinham contato com os demais e frequentavam áreas como o pátio e a biblioteca de forma isolada.

O petista aproveitou a ocasião para criticar setores da direita que vêm defendendo anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Para ele, há incoerência nesse discurso, pois muitos dos que agora pedem clemência foram os mesmos responsáveis por endurecer penas no passado recente. $&&$“Esses que estão falando em diminuir as penas foram os mesmos que, nos últimos dez anos, aumentaram as punições para tudo, sem que o sistema tivesse condições de receber”$,&&$ argumentou.

Jair Bolsonaro, atualmente, cumpre prisão domiciliar após condenação do Supremo Tribunal Federal por envolvimento em tentativa de golpe de Estado. Ele está impedido de sair do país e também proibido de manter contato com outros investigados no mesmo processo.

A declaração de Dirceu reacende o debate sobre o tratamento dado a figuras políticas condenadas e os critérios usados para definir os regimes de cumprimento de pena.