O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi afastado do cargo por 180 dias por decisão judicial. A medida foi tomada nesta quinta-feira (6), durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga supostas irregularidades em contratos da Saúde no município. Com o afastamento, Fernando Neto (PSD) assume temporariamente a administração da cidade.

Afastamento após investigação da Polícia Federal

Rodrigo Manga, que ganhou projeção nacional pelo uso intenso das redes sociais, tornou-se um dos investigados na operação. A Polícia Federal apura possíveis crimes envolvendo contratos firmados pela prefeitura na área da Saúde. O afastamento do prefeito foi solicitado pela corporação. Apesar do movimento, até o momento não há confirmação se ele foi alvo direto dos mandados cumpridos nesta manhã.

Durante a ação, foram expedidos sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, por ordem do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Uma das prisões foi a do empresário Marco Silva Mott, apontado como amigo de Rodrigo Manga e suspeito de atuar como lobista e envolver-se na lavagem de dinheiro por meio de contratos com a gestão municipal. A Câmara Municipal também já foi oficialmente notificada sobre o andamento das investigações.

A Polícia Federal informou que, além da suspensão de função pública do prefeito e proibição de contato com determinados investigados, a Justiça determinou o sequestro e a indisponibilidade de bens dos alvos, que somam cerca de R$ 6,5 milhões.

Perfil midiático e trajetória de Rodrigo Manga

Manga ficou conhecido como “prefeito tiktoker” graças aos vídeos curtos e bem-humorados em que exibe ações da prefeitura, atingindo uma audiência de mais de 3,3 milhões de seguidores e 80 milhões de curtidas na plataforma. Seu conteúdo alcança até pessoas de fora de Sorocaba, município que conta com aproximadamente 720 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2022.

Formado em marketing e ex-vendedor de veículos, Manga se popularizou inicialmente exibindo carros em vídeos de divulgação. Depois de dois mandatos como vereador, foi eleito prefeito em 2020. Sua comunicação irreverente o tornou destaque nacional e ampliou convites para entrevistas em programas de rádio e TV.

Repercussão nas redes sociais e defesa dos investigados

Mesmo em viagem a Brasília, o prefeito afastado se pronunciou em vídeo pelas redes sociais sobre a decisão da Justiça. No conteúdo, afirmou que a medida seria reflexo de sua visibilidade política e de ameaças a grupos rivais. Postagens de Manga chegaram a ser questionadas pelo Ministério Público por desinformação.

Em nota, a defesa de Marco Silva Mott afirmou que a prisão foi baseada em “conjecturas e suposições da polícia judiciária” e destacou que “a defesa irá esclarecer os equívocos”. Os advogados ainda reforçaram que Mott está à disposição das autoridades e que a medida seria desnecessária, apontando que ele já prestou esclarecimentos anteriores.

Detalhes e desdobramentos da operação

Segundo a Polícia Federal, a Operação Copia e Cola visa desarticular uma organização acusada de desviar recursos públicos voltados à área da saúde por meio de uma Organização Social (OS). A primeira fase da investigação, deflagrada em abril, identificou novos suspeitos a partir da análise do material apreendido anteriormente, tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

Na ação mais recente, além de mandados em endereços ligados ao prefeito, a PF apreendeu dinheiro, veículos de luxo como Porsche e BMW, além de armas. A operação destaca contratos milionários e aponta que, durante o governo Manga, uma das organizações investigadas recebeu cerca de R$ 123 milhões em contratos públicos. No momento, até a esposa de Manga está sob investigação.