Saúde

Ouvir música quase todos os dias pode reduzir em até 39% o risco de demência

Estudo da Universidade Monash aponta que o hábito musical fortalece memória e reserva cognitiva, enquanto especialista destaca benefícios para humor, socialização e doenças como Alzheimer e Parkinson

06/12/2025 às 10:02 por Redação Plox

Ouvir música com frequência pode ser um poderoso aliado na proteção do cérebro. Um estudo da Universidade Monash, na Austrália, indicou que o hábito de escutar músicas na maior parte dos dias pode reduzir em até 39% o risco de desenvolver demência, incluindo Alzheimer. Segundo a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, isso se deve ao fato de que a música estimula diversas áreas cerebrais, como as responsáveis por memória, atenção, emoção e linguagem, favorecendo a neuroplasticidade e fortalecendo a chamada reserva cognitiva — mecanismo que torna o cérebro mais resistente aos efeitos de doenças neurodegenerativas.

Música traz benefícios para a saúde do cérebro

Música traz benefícios para a saúde do cérebro

Foto: Imagem ilustrativa : Pixabay


De acordo com a especialista, a música oferece uma combinação de estímulos cognitivos, emocionais e sensoriais que repercutem diretamente na saúde, em especial na velhice. Esses estímulos podem melhorar o humor, reduzir ansiedade, estimular lembranças, facilitar a socialização e até contribuir para organizar a rotina diária.

Os benefícios não se restringem à mente. Em idosos com Doença de Parkinson ou com maior risco de quedas, por exemplo, a música pode auxiliar na marcha e na coordenação motora, ampliando mobilidade e segurança. O simples ato de ouvir ou tocar um instrumento envolve múltiplas áreas cerebrais, ajudando a manter, de forma integrada, funções cognitivas e motoras.

Neurotransmissores, memória e interação social

Para pessoas de todas as idades, ouvir música estimula a liberação de neurotransmissores como dopamina e serotonina, substâncias ligadas ao prazer e ao bem-estar. Esse efeito melhora o humor e favorece a conexão entre diferentes circuitos neurais, reforçando as redes que sustentam o funcionamento do cérebro.

Em idosos com algum grau de comprometimento cognitivo, essa estimulação pode ter um impacto ainda mais visível, ao resgatar memórias antigas e estimular uma maior interação com o ambiente e com outras pessoas. A música pode funcionar, assim, como um gatilho para lembranças marcantes e como ponte para o convívio social.

Influência ao longo da vida e reserva cognitiva

Segundo a geriatra, cultivar o hábito de ouvir música ao longo da vida contribui para a formação e a manutenção da reserva cognitiva, capacidade do cérebro de compensar perdas estruturais ou funcionais por meio de circuitos alternativos. Pessoas expostas com frequência a estímulos musicais tendem a apresentar maior resistência ao declínio cognitivo, em um efeito considerado cumulativo.

Mesmo assim, a médica ressalta que não existe idade limite para começar. Mesmo na velhice, o cérebro mantém alguma capacidade de adaptação, e a neuroplasticidade continua ativa. Por isso, iniciar agora o costume de ouvir música de forma regular ainda pode trazer ganhos concretos e significativos para a saúde cerebral.

Que tipo de música faz melhor para o cérebro?

A variedade de gêneros musicais é ampla e atende a todos os gostos, mas ainda não há comprovação científica de que um estilo específico seja superior aos demais. O que se observa, segundo Simone, é que músicas com forte valor afetivo costumam provocar efeitos mais intensos, porque se conectam a lembranças importantes.

Canções que marcaram a juventude ou momentos significativos da vida tendem a evocar memórias mais fortes e, geralmente, positivas. Nesse sentido, a escolha do repertório deve levar em conta a história de cada pessoa, suas experiências e vínculos emocionais com determinadas músicas.

Para a especialista, a chave é a personalização. O que é relaxante para uma pessoa pode ser incômodo ou estimulante demais para outra. A recomendação é encarar a música como uma ferramenta sob medida, ajustada às preferências, ao histórico de vida e à tolerância sensorial de cada indivíduo. Timbres suaves e ritmos regulares costumam ser bem aceitos, mas a individualidade precisa ser respeitada.

Aplicações terapêuticas além da demência

Os benefícios da música se estendem para além da prevenção ou do manejo da demência. Em pacientes com Doença de Parkinson, ela pode contribuir para treinar a coordenação motora e auxiliar na reabilitação da marcha. Em quadros de depressão, ansiedade ou insônia, pode ajudar a atenuar sintomas e melhorar a qualidade do sono, além de atuar como apoio no controle da dor.

A música também é utilizada em cuidados paliativos, proporcionando conforto emocional a pacientes em fases avançadas de doenças graves. Nesses contextos, a presença de canções significativas pode trazer acolhimento, reduzir angústia e favorecer momentos de conexão com familiares e equipes de saúde.

A geriatra destaca ainda a importância da Musicoterapia, que é o uso clínico estruturado da música como recurso terapêutico, sempre conduzido por profissionais habilitados. Essa prática segue critérios técnicos e éticos, o que confere maior segurança e eficácia às intervenções baseadas em sons, ritmos e melodias.

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