Em meio às repercussões de sua condenação no Brasil, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) declarou nesta sexta-feira (6) que pretende se apresentar voluntariamente às autoridades italianas. A decisão ocorre após a Justiça brasileira determinar sua prisão por uma série de crimes, entre eles a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a divulgação de documentos fraudulentos que envolviam o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Foto: Redes sociais A parlamentar deixou o território brasileiro pela fronteira com a Argentina. De lá, embarcou para os Estados Unidos e, em seguida, viajou à Itália, onde pretende buscar refúgio, utilizando sua cidadania italiana como possível argumento para evitar a extradição. Zambelli relatou à CNN Brasil que pretende apresentar seus documentos às autoridades italianas para provar que está agindo de boa-fé.
"Estou aqui por conta de uma perseguição política. Vou provar isso. Fui condenada sem provas",
disse ela durante a entrevista.
Além do caso do CNJ, Zambelli responde por um episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando perseguiu um homem armada em um bairro central de São Paulo. Na ocasião, ela chegou a entrar em um restaurante lotado empunhando a arma. Embora argumente que possuía porte legal, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia proibido o porte de armas nas 24 horas anteriores e posteriores ao pleito.
Zambelli já havia adotado tom desafiador em relação à Justiça brasileira, afirmando ser “intocável” na Itália. No entanto, o tom mudou com o avanço da decisão do STF. A Primeira Turma da Corte rejeitou por unanimidade o recurso da deputada, o que fez a condenação transitar em julgado. Em resposta, Moraes ordenou sua prisão preventiva. Diante disso, Zambelli passou a demonstrar receio de ser deportada, mesmo reconhecendo que respeita a Justiça italiana.
Outro ponto citado por ela foi o montante recebido em doações, superior a R$ 200 mil, destinado ao pagamento das multas judiciais impostas. Mesmo assim, a Câmara dos Deputados confirmou a licença de seu mandato e determinou o bloqueio de seu salário, sem, contudo, deliberar sobre um eventual pedido de prisão. Enquanto isso, a Interpol já incluiu o nome da deputada na lista vermelha de procurados, tornando a situação internacionalmente mais delicada.
Agora, resta à Justiça italiana decidir os próximos passos em relação à presença de Zambelli em seu território. A parlamentar afirma querer provar sua inocência em solo europeu e reforça que busca abrigo legal e político diante das condenações sofridas no Brasil.