Economia

Correios planejam demitir 15 mil funcionários até 2027 em plano de reestruturação

Estatal busca cortar R$ 1,5 bilhão em gastos com PDV, venda de imóveis e revisão de planos de cargos, salários e saúde após prejuízo bilionário e dificuldade para obter aporte de R$ 20 bilhões

07/12/2025 às 21:50 por Redação Plox

Os Correios preveem reduzir em cerca de 15 mil o número de funcionários até 2027 por meio de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), segundo documento interno da estatal. A medida integra um amplo plano de reestruturação aprovado em 19 de novembro, que também aponta a necessidade de um aporte de até R$ 20 bilhões para reequilibrar as contas da empresa.

Correios anunciam plano de reestruturação para conter prejuízos financeiros

Correios anunciam plano de reestruturação para conter prejuízos financeiros

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil


O corte projetado equivale a aproximadamente 19% da força de trabalho atual. O PDV tem como público-alvo até 15 mil empregados, em um universo de cerca de 80 mil trabalhadores que compõem o quadro da companhia.

Corte de gastos e mudança na estrutura interna

O PDV faz parte do esforço de enxugamento de despesas dos Correios. Conforme plano apresentado em outubro e detalhado em novembro, a estatal busca reduzir gastos em cerca de R$ 1,5 bilhão, após registrar prejuízo de R$ 2,6 bilhões no ano passado.

A direção também pretende rever a estrutura organizacional para melhorar a governança e implementar um novo Plano de Cargos e Salários até dezembro de 2026. Entre as medidas previstas está a remodelagem dos custos com o plano de saúde dos empregados.

Demissões são primeira etapa da reestruturação

As demissões por adesão ao PDV integram o primeiro bloco de ações do programa de reestruturação. Em outubro, a empresa informou que faria um mapeamento de setores e regiões com desempenho considerado insatisfatório. Nesses casos, os empregados identificados poderão aderir ao novo programa de desligamento voluntário, de acordo com a estatal.

Venda de ativos e renegociação de contratos

O plano dos Correios inclui ainda um programa de redução de ativos, com a venda de imóveis ociosos para reforçar o caixa e cortar gastos com manutenção desses espaços.

Outra frente de atuação é a renegociação de contratos com os principais fornecedores, em busca de condições mais vantajosas. A orientação é rever acordos sem comprometer a segurança jurídica das operações, mas com o objetivo de aprimorar os contratos em vigor.

Aporte bilionário e veto do Tesouro

Para aliviar a pressão de caixa no curto prazo, os Correios ainda dependem da conclusão de um aporte de R$ 20 bilhões, a ser estruturado com um consórcio de bancos. A estatal considera essa operação indispensável para viabilizar a transição estrutural planejada.

O negócio, no entanto, foi barrado pelo Tesouro Nacional. A contratação apresentava taxa de juros acima do limite estabelecido para operações com garantia da União, o que levou o órgão a vetar o desenho proposto.

Prejuízo acumulado e causas da crise

No relatório de administração, os Correios registram desempenho financeiro negativo, com prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024. Desde 2023, a estatal acumula um rombo de R$ 7,5 bilhões.

Entre as causas apontadas para a crise estão a perda de competitividade, o aumento de despesas, perdas judiciais e problemas de gestão ao longo dos últimos anos.

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