O senador Flávio Bolsonaro (PL) reafirmou que não pretende desistir da pré-candidatura à Presidência da República e condicionou qualquer recuo à possibilidade de ver o nome do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de volta às urnas. Jair Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, condenado pela trama golpista.

Depois de dizer, em coletiva, que sua campanha tinha “um preço”, Flávio explicou, em entrevista à TV, que esse valor seria a “justiça” em relação aos apoiadores do bolsonarismo e a libertação do ex-presidente, a quem credita uma espécie de encarceramento coletivo de parte do eleitorado. Ele também afirmou que o lançamento de seu nome ao Palácio do Planalto busca reacender o entusiasmo de eleitores de direita diante de uma disputa que deve ter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como principal nome da esquerda.

‘Preço’ atrelado à liberdade de Bolsonaro

Segundo o senador, o que ele chama de “preço” envolve não apenas sua própria situação, mas a de milhões de eleitores alinhados ao ex-presidente. Na entrevista, ele disse que esses apoiadores estariam vivendo um momento de restrição de liberdades e que só consideraria sair da corrida presidencial se o que considera “justo” fosse atendido. Para Flávio, isso passa pela possibilidade de Jair Bolsonaro voltar à vida política e disputar eleições.

Estratégia para 2026 e alianças à direita

Flávio Bolsonaro afirmou que sua pré-candidatura tem o objetivo de mobilizar novamente o campo conservador e se contrapor à esquerda nas eleições de 2026. Ele indicou que figuras de peso nesse espectro político foram informadas antecipadamente sobre sua decisão, citando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos primeiros a ser avisado e classificando-o como peça importante nesse rearranjo.

O senador também tem buscado se apresentar como uma alternativa viável dentro do próprio bolsonarismo, em um cenário em que aliados e lideranças da direita avaliam nomes e estratégias para o próximo pleito presidencial.

Construção da imagem de um ‘Bolsonaro diferente’

Em coletiva de imprensa realizada pela manhã, Flávio afirmou que pretende se apresentar ao eleitorado como um “Bolsonaro diferente” daquele que governou o país entre 2019 e 2022. Ele destacou que quer reforçar a imagem de alguém mais moderado, com experiência política e disposto a atuar pela pacificação nacional, defendendo que o país não suportaria mais quatro anos de continuidade do atual governo.

Nessa linha, o parlamentar insiste na ideia de que sua exposição na mídia e a pré-campanha lhe dariam espaço para mostrar um perfil mais “centrado”, com trânsito em Brasília e capacidade de interlocução política, em contraste com o que atribui à gestão do presidente Lula.

Ataques ao governo e críticas ao uso da máquina pública

Flávio Bolsonaro também intensificou as críticas ao governo federal, acusando a atual administração de utilizar a máquina pública para perseguir opositores e aprofundar a divisão política e social no país. Ele sustenta que essa postura alimentaria a descrença na classe política e no Judiciário, além de ameaçar liberdades individuais e afetar diretamente a população, que, segundo ele, não vê perspectivas de melhora.

Ao reforçar esse discurso, o senador tenta consolidar sua imagem como principal porta-voz da oposição bolsonarista na corrida presidencial, buscando capitalizar o descontentamento de eleitores que rejeitam o governo Lula e veem na candidatura ligada ao ex-presidente uma alternativa de retorno ao poder.