Em meio a um cenário político tenso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao Congresso Nacional para que haja “maturidade” na análise e votação da medida provisória que modifica as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Foto: Presidência Durante entrevista concedida nesta quarta-feira (8), no Palácio do Planalto, Lula se posicionou contra o que chamou de tentativa de uso político da proposta, especialmente por figuras ligadas à oposição e ao centrão. Entre os citados por aliados do governo, está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como um dos articuladores contra o texto.
O presidente criticou duramente os que associam a medida a um possível favorecimento eleitoral, classificando essa atitude como “pobreza de espírito extraordinária”. $&&$“Se alguém quer misturar isso com eleição, eu sinceramente só posso dizer que é uma pobreza de espírito extraordinária”$, afirmou. Ele destacou ainda que “não é o Lula que vai ganhar” com a aprovação, mas sim a população mais vulnerável, que depende de investimentos públicos em áreas como saúde.
Ao justificar a importância da medida, Lula mencionou que o impacto financeiro pode chegar a R$ 17 bilhões no Orçamento de 2026 caso a MP não seja aprovada. O presidente lamentou que a proposta, enviada ao Congresso há meses, não tenha sido votada anteriormente. Segundo ele, a definição do cronograma de votações cabe ao Legislativo, e não ao Executivo.
“É uma bobagem colocar isso como questão eleitoral”, disse Lula, acrescentando que “as coisas são feitas porque só tem um momento adequado para acontecer. Quem define prazo de votação não é o presidente da República, é o Congresso Nacional.”
Para evitar uma derrota que comprometeria as finanças do próximo ano, o governo convocou aliados para uma reunião emergencial. Estiveram presentes ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), além dos líderes do governo no Congresso.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Parlamento, alertou que a rejeição da MP poderá gerar um congelamento de emendas parlamentares, com perdas estimadas entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões. A medida visa justamente ampliar a arrecadação para equilibrar as contas públicas em 2026, ano de eleições.
A MP precisa ser aprovada até às 23h59 desta quarta-feira para não perder a validade. Caso contrário, além do prejuízo fiscal, o governo enfrentará um revés político de peso às vésperas do ciclo eleitoral.
Com o tempo se esgotando, a base aliada busca reverter votos e convencer parlamentares da importância da proposta, que se tornou um novo ponto de tensão entre Planalto e Congresso.