Governo prepara sistema para centralizar autoexclusão em bets

O governo federal apresentou novas ações voltadas ao setor de bets e apostas esportivas no Brasil. Entre as medidas, está o desenvolvimento de um sistema que permitirá ao usuário encerrar, de forma unificada, todas as contas abertas em diferentes plataformas. A informação foi revelada por uma reportagem de O Globo.

A iniciativa, liderada pelo Ministério da Fazenda em parceria com as pastas da Saúde, Esporte e Secretaria de Comunicação, busca oferecer maior proteção aos consumidores e reduzir impactos relacionados à ludopatia.

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O projeto de autoexclusão nacional também prevê a interrupção do envio de propagandas a usuários que optarem pelo desligamento das plataformas. A medida acompanha outras iniciativas, como a formação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento especializado em casos de dependência em apostas.

No esporte, está em elaboração um programa voltado a atletas, com foco em prevenção de manipulação de resultados e orientação sobre a relação com as apostas ao longo da carreira.

De acordo com os dados de uma das bets autorizadas pelo governo, o futebol lidera com ampla margem o volume de apostas esportivas registradas no país. A modalidade concentrou quase 80% dos usuários ativos e mais de 85% das apostas em julho de 2025. O tênis aparece em segundo lugar, com 6,24% de usuários e 8,40% das apostas, seguido pelo basquete, que registrou 2,93% e 2,60%, respectivamente.

Entre os clubes, o Flamengo ocupa a primeira posição, com 5,80% das bets realizadas no período. Em seguida vêm Internacional (5,06%), Botafogo (4,71%), São Paulo (2,40%) e Real Madrid (2,40%). Os números indicam que, embora equipes internacionais tenham espaço, a preferência dos brasileiros recai majoritariamente sobre times nacionais.

De acordo com dados oficiais da Secretaria de Apostas e Prêmios (SPA), 17,7 milhões de brasileiros acessaram plataformas regularizadas no primeiro semestre de 2025. O volume movimentado pelas bets legalizadas chegou a R$ 17,4 bilhões no período, já descontados os prêmios pagos. O relatório aponta ainda que a média de despesa por apostador ativo foi de aproximadamente R$ 983, o equivalente a R$ 164 por mês.

O perfil dos apostadores também foi detalhado pela SPA. A maior parte é formada por homens (71%), enquanto as mulheres representam 28,9%. A faixa etária predominante está entre 31 e 40 anos (27,8%), seguida por jovens de 18 a 25 anos (22,4%) e de 25 a 30 anos (22,2%).

Além da regulamentação das bets, o governo tem intensificado o combate ao mercado ilegal. Mais de 18 mil sites não autorizados foram derrubados desde outubro de 2024, em ação conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Estimativas indicam que a atividade irregular gera perdas bilionárias em arrecadação tributária, valor que poderia ser revertido em ações sociais e serviços públicos.

As estatísticas reforçam o peso do futebol dentro das plataformas de bets e ajudam a compreender o perfil de consumo esportivo dos usuários no Brasil, em um mercado que continua em expansão e sob crescente monitoramento regulatório.