Morreu nesta terça-feira (09), em Curitiba, Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIP, apontado como um dos maiores golpistas do país. Aos 49 anos, ele não resistiu a complicações decorrentes de cirrose, enfermidade que o afastou de uma rotina que, nos últimos anos, incluía palestras e atuação como escritor.
Paranaense ganhou notoriedade ao se apresentar como fundador da Gol e teve sua história adaptada para o cinema em filme estrelado por Wagner Moura
Foto: Reprodução / Redes sociais.
Marcelo ganhou fama no início dos anos 2000 ao se passar por um dos fundadores da companhia aérea Gol. A história de suas fraudes e disfarces acabou ultrapassando as páginas policiais e chegou ao cinema, em um filme estrelado por Wagner Moura.
O falecimento foi confirmado pelo advogado Nilton Ribeiro, que o representava há mais de 15 anos. Em publicação nas redes sociais, ele lamentou a morte do cliente, com quem dizia ter construído também uma relação de amizade.
Um cliente que se tornou um grande amigo. Hoje nos despedimos do incrível Marcelo Vip
Nilton Ribeiro
A trajetória de Marcelo como golpista ganhou destaque em 2001, durante uma festa no Recife, em Pernambuco. Na ocasião, ele se apresentou como Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas.
Naquele evento, Marcelo concedeu entrevistas a programas de celebridades, fingindo ser o empresário dono da companhia aérea. A performance chamou atenção no Brasil e no exterior, consolidando sua fama como personagem central em golpes de alto impacto midiático.
Ao longo da vida, o paranaense acumulou condenações por crimes como associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Em diferentes ocasiões, assumiu identidades de músico, atleta e até de filho de proprietário da Gol.
Marcelo morou em Cuiabá, no Mato Grosso, onde cumpriu parte das penas na Penitenciária Central do Estado (PCE). Nesse período, foi detido 12 vezes e protagonizou seis fugas do sistema prisional, o que reforçou sua reputação de golpista habilidoso e fugitivo recorrente.
Em 2014, após quatro anos na PCE, Marcelo progrediu para o regime semiaberto. Como não havia unidade disponível para esse tipo de cumprimento de pena, ele passou a cumpri-la em domicílio, monitorado por tornozeleira eletrônica.
Em 2018, voltou a ser preso, acusado de falsificar documentos para obter nova progressão de regime penal. Depois de deixar a prisão pela última vez, tentou reconstruir a vida como palestrante e escritor, relatando sua trajetória e os episódios de fraude que o tornaram conhecido.
A história de Marcelo VIP ultrapassou os autos dos processos criminais e chegou às telas de cinema. Em 2011, foi lançado o filme "VIPs - Histórias Reais de um Mentiroso", inspirado em sua vida e protagonizado por Wagner Moura.
Durante a produção do longa-metragem, Marcelo ainda estava detido na Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, o que reforçava o contraste entre o personagem glamurizado no cinema e a realidade do sistema prisional.
O velório de Marcelo VIP está previsto para a tarde desta quarta-feira (10/12), em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A cerimônia deve reunir familiares, amigos e pessoas que acompanharam a trajetória do ex-golpista, marcada por crimes, fugas, notoriedade e tentativas de recomeço.
