Saúde

Carocinho “inofensivo” leva a diagnóstico de câncer

Diagnosticada com melanoma ocular após notar um inchaço na têmpora, Melanie Wightman teve o olho direito retirado para salvar a própria vida e, anos depois, transformou as marcas do tratamento em mensagem de coragem e acolhimento nas redes sociais

10/12/2025 às 10:44 por Redação Plox

Aos 11 anos, um inchaço discreto na têmpora parecia apenas consequência de uma queda enquanto brincava na rua. Sem dor e sem sinais aparentes de gravidade, o pequeno caroço não despertou alarme imediato na família de Melanie Wightman, hoje adolescente. Com o passar das semanas, porém, o aumento do volume chamou a atenção dos pais, que decidiram procurar atendimento médico.

Foi a partir dessa consulta que a vida da jovem tomou um rumo inesperado. Exames detalhados revelaram um tipo raro de câncer: o melanoma ocular, tumor que se desenvolve nos melanócitos, células responsáveis pela cor dos olhos, e que exige tratamento rápido e especializado.

Melanie iniciou então um percurso conhecido por muitas crianças e adolescentes com diagnóstico de tumor: biópsias, idas frequentes ao hospital, espera por resultados e longas conversas com a equipe médica. Meses depois, veio a notícia mais dura de todas.


Após a realização de exames, os médicos diagnosticaram um tipo de câncer chamado melanoma ocular, que precisava de tratamento imediato

Após a realização de exames, os médicos diagnosticaram um tipo de câncer chamado melanoma ocular, que precisava de tratamento imediato

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Diagnóstico avança e leva à retirada do olho direito

Relatos publicados por Melanie em suas redes sociais mostram como a doença progrediu. Os médicos identificaram que o câncer havia comprometido o olho direito. Até então confiante diante das sessões de tratamento, a menina passou a conviver com uma orientação difícil de assimilar: seria necessário remover o olho para salvar sua vida.

A decisão trouxe desafios que extrapolaram o campo médico. Além dos riscos clínicos, Melanie precisou enfrentar mudanças profundas na própria identidade, na forma como se enxergava e na maneira como imaginava ser percebida pelo mundo.

Ela descreve esse período como um dos mais desafiadores de toda a jornada. Em um de seus relatos, lembra do impacto inicial da recomendação cirúrgica e da preocupação com a aparência após a retirada do olho direito.


Melanie hoje, depois de ter o olho direito removido em razão de um câncer ocular raro

Melanie hoje, depois de ter o olho direito removido em razão de um câncer ocular raro

Foto: Reprodução / Redes sociais

Resiliência e a frase que virou mantra

Na lembrança da jovem, o desejo de ser reconhecida para além da doença foi imediato. Melanie relata que tudo o que queria era ser vista como alguém “normal”, como alguém “bonita”, mesmo com a mudança física marcante que se aproximava.

A resposta que deu ao médico naquele momento acabou se tornando um mantra pessoal ao longo da recuperação. A frase, em inglês, foi dita ainda no consultório e resumia a forma como, mesmo tão jovem, ela passou a encarar a própria diferença como parte de quem é, e não como algo que a definisse por completo.

Com o tempo, Melanie conta que deixou de esconder a cicatriz. A perda do olho e do cabelo, provocada pelo tratamento, foi ressignificada: em vez de motivo de vergonha, tornou-se um elemento de aceitação. Ela aprendeu a amar todas as versões de si mesma e a olhar para as marcas do câncer como capítulos de uma história de sobrevivência.

Cicatriz como símbolo de acolhimento a outros pacientes

Hoje, a adolescente também transforma sua experiência em apoio para quem enfrenta diagnósticos semelhantes. Em especial, ela procura alcançar crianças e jovens que convivem com as mesmas dúvidas, medos e inseguranças que marcaram o início de sua trajetória.

Em 2 de fevereiro de 2022, data em que se celebra o Dia Mundial do Câncer, Melanie publicou uma mensagem de incentivo em suas redes sociais, reforçando que a doença não pode ser tomada como definição única de quem uma pessoa é. Em seu recado, ela direcionou palavras de apoio tanto a quem está em tratamento quanto a quem já passou por ele.

A maturidade com que Melanie passou a enxergar a própria história aparece em cada um de seus relatos. Diante da imprevisibilidade imposta pelo câncer, ela afirma ter aprendido a valorizar o presente, a rotina e os pequenos gestos do dia a dia.

A trajetória da jovem, marcada por dor, coragem e transformação, mostra como um diagnóstico devastador pode se converter em uma jornada de força. Mais do que um lembrete da doença, a cicatriz se tornou um símbolo de vida, resistência e reconstrução.

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