Política

Zema mantém pré-candidatura à Presidência, descarta ser vice e aposta em bandeira anti-PT

Governador de Minas afirma que seguirá na disputa presidencial até o primeiro turno, minimiza impacto de Flávio Bolsonaro e integra arranjo político em MG que envolve Novo, PSD e PL

10/12/2025 às 12:09 por Redação Plox

Pré-candidato à Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), descarta abrir mão da cabeça de chapa em qualquer cenário e rejeita a possibilidade de compor como vice. Em segundo mandato e prestes a deixar o cargo até abril para viabilizar a campanha nacional, ele afirma que não aceitará acordos em troca de espaço no Senado ou em uma chapa presidencial.

Governador de Minas Gerais deixará o cargo até abril para iniciar a campanha presidencial e planeja viajar por estados do Sudeste

Governador de Minas Gerais deixará o cargo até abril para iniciar a campanha presidencial e planeja viajar por estados do Sudeste

Foto: Reprodução / Câmara dos Deputados.


No mesmo momento em que Tarcísio de Freitas (Republicanos) reafirma publicamente a lealdade a Jair Bolsonaro (PL) e segue visto pelo centrão como potencial candidato ao Planalto, Zema é frequentemente lembrado como alternativa para a vice-presidência em uma composição de direita. Ele, porém, reforça que seu plano é permanecer na disputa presidencial ao menos até o primeiro turno e, só depois, se não for o escolhido, avaliar o apoio a outro nome do campo conservador.

Zema diz que irá “até o final” da disputa

Em encontro com repórteres em Brasília, nessa terça-feira (9), Romeu Zema reiterou que não pretende recuar do projeto nacional, mantendo a pré-candidatura até a votação. Segundo ele, não há no radar qualquer movimento para mudança de rota, nem mesmo diante de negociações que incluam vagas no Senado ou composição de chapa majoritária.


Enquanto isso, o quadro eleitoral se desenha com a esquerda em torno de uma candidatura única, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e uma direita fragmentada. Além de Zema, colocam-se como pré-candidatos Ratinho Jr. (PSD), Renan Santos (Missão) e Ronaldo Caiado (União Brasil), todos disputando espaço no mesmo campo político.

Entrada de Flávio Bolsonaro reorganiza o jogo

A correlação de forças na direita mudou na última sexta-feira (5), quando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lançou sua própria pré-candidatura ao Planalto, afirmando contar com o apoio do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão por golpe de Estado. Para Zema, a preferência de Bolsonaro por um integrante da própria família era algo previsível e não altera seus planos nem os de Tarcísio de Freitas, que, em sua avaliação, sempre indicou intenção de buscar a reeleição ao governo de São Paulo.


Mesmo envolvido em debates sobre segurança pública — tema central na disputa —, Zema sinaliza que pretende explorar com força a bandeira anti-PT. Ele sustenta que nenhum outro nome do campo da direita teria a mesma experiência que ele alega ter na tarefa de reverter os danos provocados por administrações petistas em Minas, especialmente a gestão de Fernando Pimentel, que deve se tornar alvo constante de críticas durante a campanha.

Estratégia eleitoral mira Sudeste e calcula limites no Nordeste

O ponto de partida da estratégia nacional de Romeu Zema será a região Sudeste, que ele pretende percorrer em busca de apoio e visibilidade. Questionado sobre eventuais chances de crescimento no Nordeste como alternativa ao PT, o governador mineiro considera que, em alguns estados da região, a esquerda tem presença consolidada, o que torna mais difícil a penetração de novos projetos políticos.


Zema também descarta disputar cargos legislativos em caso de derrota na corrida presidencial. Ele rejeita, inclusive, qualquer costura para trocar sua candidatura por uma vaga ao Senado, reforçando que não se vê com perfil para o trabalho parlamentar. A decisão de manter-se na disputa até o fim é apresentada por ele como compromisso direto com o Novo e com o projeto nacional do partido.

Alianças em Minas envolvem Novo, PSD e PL

Em Minas Gerais, o Novo articula um arranjo político que deve ter impacto direto na sucessão estadual. O movimento ganhou força com a desfiliação do vice-governador Mateus Simões, que migrou para o PSD. Com esse gesto, Novo e PSD se alinham para a eleição estadual, tendo Mateus Simões como sucessor de Romeu Zema e como principal interlocutor do grupo de Gilberto Kassab no Estado.


O PL de Jair Bolsonaro também participa dessa composição. A sigla negocia uma aliança com PSD e Novo em que, em troca do apoio, terá o direito de indicar o nome do primeiro voto para o Senado Federal. Em 2026, os eleitores mineiros escolherão dois senadores e, pelo desenho em discussão, o primeiro voto da chapa deverá caber ao PL, com forte indicação para o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG).


O segundo nome para o Senado é o de Marcelo Aro, secretário de Governo de Minas e filiado ao PP. Nesse cenário, a vaga de vice-governador ficaria com o Novo, como já antecipou Zema. O partido ainda avalia quem indicar, e nomes como os das vereadoras Fernanda Altoé e Marcela Trópia ganham espaço nas conversas internas. Ao mesmo tempo, Zema reforça que a manutenção de sua candidatura presidencial até o fim é peça central nessa engrenagem política, consolidando o papel do Novo tanto no plano nacional quanto em Minas Gerais.

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