Economia

Embrapa lança batata ‘Braschips’ para impulsionar indústria de chips e batata-palha

Nova cultivar BRS F21 combina alto teor de matéria seca, baixo teor de açúcares e resistência a doenças, elevando rendimento e qualidade na produção de batata processada

11/12/2025 às 09:25 por Redação Plox

A Embrapa apresentou uma nova cultivar de batata com alta produtividade, resistência a doenças e excelente desempenho na fritura, voltada especialmente à indústria de processamento. Resultado do Programa de Melhoramento Genético de Batata, a BRS F21 ganhou o apelido de ‘Braschips’ devido à qualidade superior dos chips produzidos.

BRS F21 recebeu o apelido de ‘Braschips’ pela qualidade superior dos chips produzidos

BRS F21 recebeu o apelido de ‘Braschips’ pela qualidade superior dos chips produzidos

Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa


Segundo a Embrapa, as características agronômicas e industriais da BRS F21 a tornam indicada para uso em escala, com foco em chips e batata-palha. A cultivar reúne alto teor de matéria seca e baixo teor de açúcares, combinação que reduz perdas no processamento e promete maior rendimento para a indústria.

Qualidade de fritura e características dos tubérculos

De acordo com o pesquisador Giovani Olegário, da Embrapa Hortaliças (DF), a BRS F21 apresenta dois fatores-chave que garantem boa performance em frituras: grande quantidade de matéria seca, que resulta em tubérculos com menos água e chips mais sequinhos e crocantes, e baixo teor de açúcares, o que evita a caramelização e favorece uma cor mais clara e uniforme, em linha com a preferência do consumidor.

Olegário também ressalta como pontos positivos a textura firme, o sabor característico, a polpa amarelo-clara e o formato ovalado dos tubérculos, todos atributos associados à alta qualidade de fritura. A cultivar apresenta ainda baixa incidência de desordens fisiológicas, como manchas internas e rachaduras, o que diminui perdas no processamento e aumenta o aproveitamento industrial.

Em testes preliminares realizados em parceria com a indústria, a BRS F21 foi aprovada tanto na forma de chips quanto como batata-palha. Nesta fase atual, começaram as avaliações em maior escala para medir a aceitação entre produtores que abastecem o setor de processamento.

Produtividade, ciclo e manejo de colheita

O vigor vegetativo e o maior potencial produtivo da BRS F21 contribuem para reduzir o custo da matéria-prima destinada ao processamento na forma de chips ou palha. Olegário destaca ainda que o ciclo um pouco mais longo da cultivar permite maior acúmulo de amido nos tubérculos, atendendo às exigências da indústria.

Na etapa de colheita, a dessecação seguida de um intervalo de cerca de dez dias — período em que ocorre a conversão de açúcares em amido — é considerada decisiva para obter chips de cor clara. Ao final do ciclo, o monitoramento frequente da lavoura, com coleta de amostras, é apontado como essencial para avaliar a matéria seca e a qualidade de fritura, definindo o ponto ideal de colheita.

Resistência ao vírus PVY e doenças foliares

A BRS F21 se destaca pela resistência ao vírus PVY, considerado um dos principais problemas fitossanitários e a virose de maior relevância socioeconômica para a cultura da batata no Brasil. Essa doença, conhecida como mosaico, provoca amarelecimento e enfraquecimento das plantas, com queda significativa de produtividade nas lavouras.

Como a batata é multiplicada por tubérculos, a presença do PVY compromete fortemente a qualidade das sementes. A menor suscetibilidade da BRS F21 ao vírus mantém o vigor das plantas ao longo dos ciclos de produção, o que representa um avanço para o setor.

A cultivar também demonstrou bom nível de resistência à requeima e à pinta preta, doenças foliares que afetam áreas produtoras do Sul do País, reforçando o potencial da BRS F21 como alternativa para a indústria de batata processada.

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