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Polícia

Dramático aumento de suicídios na Polícia Civil revela crise de saúde mental invisível

O objetivo é oferecer aos policiais civis uma rede de apoio que inclua acompanhamento psicológico e psiquiátrico

12/06/2023 às 19:42 por Redação Plox

As condições de trabalho na Polícia Civil de Minas Gerais estão sob escrutínio após o suicídio de uma escrivã, um episódio que reforça a preocupação sobre a saúde mental e o bem-estar dos servidores. O estado mineiro ocupa o segundo lugar no ranking de mais casos de suicídios entre os policiais civis, só perdendo para São Paulo.

A crise silenciosa na corporação

A escrivã, que trabalhava na delegacia de Carandaí, na Zona da Mata, tirou a própria vida após compartilhar áudios e vídeos que sugeriam estar sofrendo assédio moral e pressão psicológica. Esse caso não é isolado, de acordo com o Sindicato dos Escrivães de Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindep-MG), que alerta para uma deterioração generalizada da saúde mental dos servidores.

“Esse é um grande problema. Nem todos conseguem suportar essa pressão. Só neste ano, tivemos quatro suicídios entre servidores da Polícia Civil”, ressalta Wemerson Oliveira, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG).

 

Foto: Reprodução

O Sindicato aponta uma série de problemas que contribuem para essa situação crítica, incluindo falta de equipamentos, condições inadequadas de trabalho e um déficit de quase 7.500 servidores na instituição. Esses fatores, segundo eles, intensificam os casos de assédio moral e levam a graves condições de saúde mental.

Depoimentos chocantes e busca por justiça

Áudios e vídeos, que estão sendo analisados pelo Sindep-MG, revelam uma triste realidade de assédio moral, sexismo e ameaças. A investigação do suicídio da escrivã inclui evidências que sugerem assédio moral por parte de um superior. Uma gravação compartilhada com o sindicato contém a declaração chocante: "Eu te chamei de piranha. Risos. É muito cabecinha fraca, é muito cabecinha fraca. (...) Eu não bato em mulher, mas se você fosse homem, uma hora dessa, ou eu ou você, estava morto".

Os sindicatos estão pedindo uma audiência pública para discutir a situação e para que aqueles que são suspeitos de assediar e ameaçar a escrivã sejam responsabilizados.

O peso do estigma

Além da pressão no trabalho, os servidores da polícia também têm que lidar com o estigma associado à saúde mental. Um policial civil, que pediu para não ser identificado, compartilhou sua própria experiência de luta contra a ansiedade e a depressão.

"Além de serem ignoradas, as pessoas que são diagnosticadas com problemas de saúde mental passam a ser mal vistas. São julgadas como pessoas fracas e que não querem trabalhar, que inventam desculpas",

Questão da Saúde Mental na Polícia Civil de Minas Gerais

A Polícia Civil de Minas Gerais foi questionada sobre os casos de suicídio que vem ocorrendo dentro da corporação. A realidade é que o estado de Minas Gerais está em segundo lugar em número de casos de suicídio entre os policiais civis. Este problema profundo reflete a falta de estrutura e a deterioração da saúde mental dos servidores. A própria corporação reconhece que a falta de equipamentos e as condições inadequadas de trabalho afetam diretamente a saúde mental dos seus servidores.

Segundo um levantamento feito pelo Sindpol-MG, a quantidade de servidores ativos na Polícia Civil é de aproximadamente 10 mil, enquanto o número ideal seria de 17.500. Esta disparidade causa uma sobrecarga de trabalho nos servidores, o que contribui para o desenvolvimento de doenças mentais e o aumento de casos de suicídio.

Um caso que ilustra essa trágica realidade é o da escrivã que se suicidou recentemente. Ela era lotada em Carandaí, e há indícios de que sofreu assédio moral e sexual, além de sobrecarga de trabalho. Este é um retrato claro do que muitos servidores da corporação estão passando.

O Sindep-MG ressalta que a questão da saúde mental não tem sido devidamente abordada pelas autoridades responsáveis, o que agrava ainda mais a situação. Eles afirmam que a corporação está doente, mas que as pessoas que deveriam cuidar desses profissionais fingem não ver.

Investigação e Providências

Após o suicídio da escrivã, a Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito policial e um procedimento disciplinar para investigar as denúncias. O Sindep-MG também está analisando áudios e vídeos que foram compartilhados pela escrivã, nos quais ela denuncia episódios de assédio moral, machismo e ameaças.

A sindicato está pedindo uma audiência pública para discutir o assunto, e exige que os suspeitos das ameaças e assédios compareçam para esclarecer as denúncias. Eles também alertam que a saúde mental dos profissionais de segurança precisa ser uma prioridade para o Estado.

Depoimento de um Policial Civil

Um policial civil, que preferiu não ser identificado, disse que o que aconteceu com a escrivã não é um caso isolado. Ele afirmou que existe uma cultura de silêncio e medo de retaliações que impede que os servidores denunciem esses abusos.

Ele mesmo está de licença médica após ser diagnosticado com transtornos de ansiedade e depressão. Ele relata que os profissionais que são diagnosticados com problemas de saúde mental são muitas vezes ignorados e até estigmatizados. São vistos como fracos e como pessoas que não querem trabalhar.

Opinião de um Especialista

Para Robert William de Carvalho, investigador da Polícia Civil e autor do livro "Sobrevivendo às Sombras", o principal fator que afeta a saúde mental dos profissionais são as condições de trabalho precárias. Ele acredita que a assistência psicológica ofertada aos profissionais é insuficiente e não atende às demandas. Além disso, a cultura dentro da corporação muitas vezes desencoraja a procura por ajuda, tornando o problema ainda maior.

Ele sugere uma abordagem de saúde mental proativa, em que os profissionais recebam acompanhamento regular e tenham acesso a intervenções quando necessário. Isso, juntamente com melhorias nas condições de trabalho, poderia ajudar a reduzir os casos de doenças mentais e suicídio entre os policiais.

Recomendações

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, Além da pressão no trabalho, os servidores da polícia também têm que lidar com o estigma associado à saúde mental.

Além disso, é crucial criar um ambiente de trabalho que promova o respeito e a dignidade, onde o assédio moral e sexual seja fortemente combatido. Isso pode envolver a implementação de políticas claras contra o assédio, a capacitação de funcionários e líderes, e a garantia de que os denunciantes estejam protegidos contra retaliações.

Ação do Governo

Após a morte da escrivã, o governo de Minas Gerais anunciou que irá criar um programa de prevenção ao suicídio na Polícia Civil. O programa será desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo é oferecer aos policiais civis uma rede de apoio que inclua acompanhamento psicológico e psiquiátrico, além de ações de promoção de saúde e qualidade de vida.

Esta iniciativa é um primeiro passo, mas é essencial que ela seja implementada de forma eficaz e que as outras questões, como as condições de trabalho e o assédio, também sejam abordadas. Caso contrário, a Polícia Civil de Minas Gerais corre o risco de continuar a perder valiosos servidores para a tragédia do suicídio.

Conclusão

A questão da saúde mental na Polícia Civil de Minas Gerais é complexa e envolve uma série de fatores, desde as condições de trabalho até o assédio moral e sexual. É necessário que haja um compromisso do governo e da própria corporação em abordar estas questões de forma abrangente e eficaz, para garantir a saúde e o bem-estar de seus servidores.

 

 

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