Com agenda intensa, Lula amplia viagens e discursos e levanta críticas da oposição

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura cada vez mais ativa em compromissos públicos, intensificando sua presença em diversas regiões do país.

Foto: Presidência

Ele tem participado de entregas de obras, lançado programas federais e exaltado ações do governo em discursos empolgados, nos quais também enaltece aliados políticos locais. Nessas ocasiões, Lula aproveita os palanques para alfinetar adversários que podem enfrentá-lo nas eleições de 2026, entre eles o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tido como principal nome da direita e do Centrão para uma disputa presidencial.

A atuação do presidente, que já declarou sua intenção de concorrer à reeleição, provocou desconforto entre parlamentares da oposição. No início do ano, os deputados Ubiratan Sanderson e Luciano Zucco, ambos do PL do Rio Grande do Sul, solicitaram à Procuradoria-Geral da República a abertura de uma investigação por propaganda eleitoral antecipada, com base em pronunciamentos de Lula transmitidos na televisão.

Em resposta às críticas, interlocutores do Planalto alegam que todas as ações fazem parte da obrigação do chefe do Executivo de prestar contas à população. Argumentam, ainda, que a legislação só proíbe pedidos explícitos de voto – algo que, segundo eles, Lula não teria feito.

A estratégia de comunicação do governo, liderada por Sidônio Palmeira desde que assumiu o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em janeiro de 2025, teria contribuído para a recente recuperação da popularidade do presidente, abalada no final de 2024. Com o novo direcionamento, o governo passou a investir em pronunciamentos oficiais destacando realizações da gestão.

Em 2025, Lula já esteve em 20 das 27 unidades da federação, em uma maratona de compromissos que inclui lançamentos de obras, anúncios de investimentos e entregas do programa Minha Casa, Minha Vida. Os registros dessas ações ganham destaque nas redes sociais e estão previstos para integrar a campanha eleitoral televisiva do próximo ano.

Fontes próximas ao presidente explicam que uma orientação oficial está em preparação para garantir o cumprimento das normas eleitorais no período permitido para campanha. Segundo um auxiliar, será elaborado um documento com diretrizes a serem seguidas por todos os servidores do governo a partir das convenções partidárias, previstas para julho, até a data da votação, em outubro.

"A preocupação em separar o presidente do candidato vai estar refletida em normas claras a serem seguidas durante o processo eleitoral", destacou um interlocutor ligado ao Planalto.

A movimentação do presidente não é vista como infração, mas sim como uma exposição das realizações do governo em seu mandato. Enquanto isso, a oposição segue vigilante e atenta a cada passo da agenda presidencial, antecipando o embate eleitoral que se aproxima.