Lula pressiona bancos e países a priorizarem combate à fome

Durante uma reunião em Roma com os representantes do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu com veemência a mobilização de recursos por parte de bancos multilaterais e países doadores. Para ele, sem esse comprometimento financeiro, será impossível alcançar transformações sociais efetivas.

Foto: Presidência

"Os programas de ajuste fiscal não devem ser vistos como um objetivo final que justifique a redução do investimento em áreas essenciais como o desenvolvimento humano e social. A melhor forma de impulsionar a economia global é, justamente, enfrentar a fome e a pobreza", declarou Lula. Ele insistiu que os recursos disponíveis precisam ser destinados aos desafios mais urgentes da humanidade.

O presidente também usou o espaço para apresentar um balanço das ações realizadas em seu terceiro mandato, mencionando a recente aprovação na Câmara dos Deputados da proposta que isenta do Imposto de Renda cidadãos com rendimentos de até R$ 5 mil por mês. Lula explicou que a medida, além de beneficiar diretamente a população de menor renda, fortalece a progressividade tributária ao elevar os tributos sobre aqueles que ganham mais de US$ 100 mil anuais.

"Essa progressividade tributária vai ampliar os recursos para o financiamento de políticas públicas essenciais", destacou o presidente.

Durante o encontro, Lula também comemorou a instalação oficial do mecanismo da Aliança Global, que agora conta com sede, direção e secretariado definidos. O funcionamento dessa estrutura será financiado, ao menos até 2030, com recursos provenientes do Brasil, da Noruega e da Espanha.

O presidente alertou ainda para o paradoxo vivido pela sociedade atual: apesar dos avanços tecnológicos e científicos, como a inteligência artificial e planos de colonização da Lua, a fome e a miséria continuam sendo uma realidade persistente em várias partes do mundo.

"Vivemos em um mundo hiperconectado, com inteligência artificial, avanços científicos e até planos de habitar a Lua, mas a persistência da fome e da pobreza são as provas mais dolorosas de que falhamos como comunidade global", afirmou.

Por questões de agenda, Lula não estará presente no primeiro encontro de líderes da Aliança, marcado para 3 de novembro no Catar. Ele justificou sua ausência devido à proximidade com a Cúpula de Líderes da COP30, que acontecerá em Belém (PA).

Na ocasião, Lula reiterou o compromisso de propor, durante a COP30, uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima, buscando incluir a segurança alimentar como eixo central das discussões climáticas globais.