Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser "agente da CIA"

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, aliado do presidente Nicolás Maduro, acusou publicamente os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, de serem "agentes da CIA", o serviço de inteligência dos Estados Unidos. As acusações, feitas durante entrevista à televisão estatal venezuelana, são infundadas, sem qualquer prova que vincule Lula a esse tipo de relação com a CIA.

Críticas ao posicionamento de Lula sobre eleições venezuelanas

A fala de Saab surgiu em meio a críticas ao posicionamento de Lula em relação à eleição presidencial venezuelana, realizada em 28 de julho de 2023. O presidente brasileiro exige a publicação das atas eleitorais para reconhecer a vitória de Maduro, já que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor, mas sem divulgar as atas, o que gerou protestos da oposição e de entidades internacionais. A oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, afirma que González venceu a eleição e apresentou atas eleitorais de 80% das urnas, o que motivou investigações do Ministério Público e um mandado de prisão contra González.

Diferentes contextos eleitorais no Brasil e na Venezuela

Durante a entrevista, Saab argumentou que Lula foi eleito graças à validação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil, sugerindo que o mesmo aconteceu na Venezuela com Maduro. No entanto, há uma diferença significativa entre os dois cenários: a eleição brasileira foi supervisionada por observadores internacionais, enquanto na Venezuela, o Tribunal Supremo de Justiça e o CNE, ambos alinhados ao regime chavista, foram criticados por falta de independência em um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Perseguições e asilo político

Edmundo González, que alega ter vencido a eleição, buscou asilo político na Espanha após ser perseguido pelo regime de Maduro. A oposição venezuelana, assim como organizações como o Centro Carter e especialistas da ONU, sustenta que González foi o verdadeiro vencedor, e ele promete retornar à Venezuela para tomar posse como "presidente eleito" em 10 de janeiro. A situação continua tensa, com investigações e mandados de prisão contra opositores, enquanto a comunidade internacional questiona a transparência do processo eleitoral no país.