Calor intenso acelera transmissão de dengue em Minas Gerais

Minas Gerais enfrenta um aumento preocupante na transmissão de dengue, zika e chikungunya, impulsionado por uma onda de calor que promete temperaturas até 5ºC acima da média esta semana. Isabela Abalen, reportando para O Tempo, destaca um estudo da Universidade de Michigan que prevê um aumento de até 20% nas transmissões dessas doenças com o acréscimo de 2ºC na temperatura. Este cenário é alarmante, pois já se registra um novo caso provável de dengue no estado a cada 12 segundos.

Temperatura e Transmissão

A onda de calor não só ameaça trazer temperaturas extremas, mas também acelera a atividade do mosquito Aedes aegypti, vetor dessas arboviroses. Carlos Henrique Nery Costa, epidemiologista com doutorado pela Universidade de Harvard, explica que o calor aumenta a taxa de transmissão dos vírus pelo mosquito, devido a um ajuste biológico que acelera sua atividade e diminui o tempo de incubação do vírus. Em Recife, por exemplo, o estudo mostrou que o número de casos pode aumentar de quatro para seis com um aumento de temperatura de 2ºC.

Riscos Amplificados

Julio Croda, infectologista em medicina tropical, ressalta que o aumento da temperatura pode reduzir o ciclo de transmissão das arboviroses de até 10 dias para apenas 6 a 7 dias. A reprodução mais rápida do mosquito em altas temperaturas significa não apenas mais mosquitos, mas também maior frequência do vetor, elevando o risco de disseminação dessas doenças.

Mário Giusta, professor de Biomedicina, descreve a situação como uma "tempestade perfeita", onde a combinação de calor e chuvas cria condições ideais para a proliferação do mosquito. Este fenômeno agrava a já considerada maior epidemia de dengue do estado.

Prevenção e Controle

Para mitigar os efeitos devastadores deste surto, especialistas enfatizam a importância de medidas preventivas, como o uso de repelentes e a eliminação de possíveis focos do mosquito. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) assegura que as ações de combate ao Aedes aegypti continuam sendo realizadas em todas as regiões, independentemente das condições climáticas, destacando a eliminação de água acumulada como a principal estratégia de prevenção.