Política

PF apura corrupção envolvendo contratos milionários e ex-nora de Lula

Operação Coffee Break investiga fraudes em licitações de educação, pagamentos ilícitos e conexões com figuras próximas ao presidente Lula.

15/11/2025 às 20:59 por Redação Plox

Uma operação da Polícia Federal revelou um suposto esquema de corrupção envolvendo contratos milionários e o crescimento meteórico de uma empresa ligada a figuras próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As investigações indicam articulações para fraudar licitações e desviar recursos destinados à educação, movimentando valores vultosos em pouco tempo.

Quantia confiscada na Operação Coffee Break, realizada pela Polícia

Quantia confiscada na Operação Coffee Break, realizada pela Polícia

Foto: Federal (Divulgação: Polícia Federal)


Operação Coffee Break investiga desvio de recursos na educação

A nova fase da Operação Coffee Break foi deflagrada nesta quarta-feira (12/11) e tem como alvo Carla Ariane Trindade — ex-nora do presidente Lula — e Kalil Bittar, ex-sócio do filho do presidente, Fábio Luís (Lulinha). A PF apura manipulação de licitações e contratos irregulares realizados pela empresa Life Tecnologia Educacional, administrada por André Mariano, apontado como principal articulador do suposto esquema.

Segundo a investigação, a Life Tecnologia Educacional multiplicou seu capital social de R$ 300 mil, em maio de 2022, para impressionantes R$ 34 milhões em menos de dois anos. O salto financeiro coincide com contratos milionários adquiridos por meio de influência política e, possivelmente, práticas ilícitas, segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU).

Vínculos familiares e influência política no centro do esquema

Relatórios da Polícia Federal apontam que Carla Trindade alegava facilidade de acesso aos bastidores do governo federal. Documentos mostram que ela viajou a Brasília em, pelo menos, duas ocasiões com passagens pagas por André Mariano, da Life. Nessas viagens, teria atuado para defender os interesses da empresa junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e ao Ministério da Educação. Em registros internos, seu nome aparecia associado ao termo “nora”, sinalizando o vínculo familiar com o presidente.

No caso de Kalil Bittar, a investigação detalha que ele era responsável pela "prospecção de negócios", usando sua rede de contatos na capital federal para facilitar o acesso de André Mariano a informações privilegiadas sobre licitações, especialmente em municípios do interior paulista, como Hortolândia. Ele também teria recebido pagamentos em sua conta pessoal, supostamente relacionados ao esquema. A Polícia Federal estima que os pagamentos sob suspeita possam ter superado R$ 111 milhões.

Pagamentos em espécie e códigos entre investigados

Interceptações autorizadas pela Justiça destacaram a recorrência do termo “café” como possível código para propina nas conversas entre os investigados. Entre janeiro de 2022 e junho de 2023, teriam sido sacados R$ 10,3 milhões e repassados a pessoas ligadas ao suposto esquema, conforme apontam os autos.

A operação envolveu 50 mandados de busca e apreensão, além de seis prisões preventivas em São Paulo, Paraná e Distrito Federal. Entre os presos está o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB), que já ocupou funções políticas relacionadas ao PT. Ele figurava em registros de encontros oficiais com o chefe de gabinete do presidente Lula, Marco Aurélio “Marcola”, durante o período sob investigação.

Investigações continuam e acusados se manifestam

A Operação Coffee Break segue apurando possíveis crimes de fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, superfaturamento, tráfico de influência e pagamento por serviços não realizados.

A Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto foi procurada, mas ainda não se pronunciou sobre o caso. Segundo a Folha de S. Paulo, a defesa de Carla Trindade informou que aguardará acesso completo aos autos para se manifestar. O Ministério da Educação declarou que as agendas da presidente do FNDE são públicas e que os encontros com André Mariano não tiveram efeitos administrativos, ressaltando que verbas são repassadas a estados e municípios, e não diretamente a fornecedores.

Já a defesa do vice-prefeito Cafu César negou as acusações ao portal g1, contestando a validade das provas apresentadas. Não foram localizadas manifestações dos representantes da Life Tecnologia Educacional e de Kalil Bittar. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a