Invasão do vocabulário empresarial no cotidiano

No lugar de conversas informais, amigos e familiares agora marcam "calls" ou pedem "feedbacks". Termos antes restritos ao ambiente corporativo ganham espaço em diálogos cotidianos.

Cultura da produtividade: Segundo a psicóloga Camila Fardin, esse fenômeno reflete uma cultura obcecada por desempenho. As expressões empresariais que invadem o dia a dia são vistas como sintomas de uma "sociedade do desempenho", onde tudo é gerido e otimizado, desde agendas pessoais até listas de tarefas.

Efeitos psicológicos negativos: A constante pressão para performar pode levar a sentimentos de fracasso e insuficiência. Fardin destaca a ironia de se explorar a si mesmo em busca de produtividade, uma prática que pode contribuir para problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.

Crítica à autoexploração: A especialista cita Byung-Chul Han, que discute como nos tornamos "empresários de nós mesmos", uma condição que pode ser tanto limitadora quanto prejudicial.

Alternativa à utilidade constante: A visão de Ailton Krenak sobre o valor da apreciação das experiências, independentemente de sua utilidade, também é destacada por Fardin. Ela defende que momentos de lazer, como relaxar ao lado de uma piscina, devem ser valorizados por sua qualidade, e não por sua utilidade.

Conclusão: O vocabulário empresarial reflete mudanças profundas no modo como vivemos e interagimos, levantando questões importantes sobre saúde mental e qualidade de vida. A psicanálise sugere um reequilíbrio, valorizando o conhecimento e a reflexão crítica sobre como vivemos nossas vidas, além da simples busca por eficiência.