Polícia

Rede milionária de apostas no Rio é alvo de operação contra PCC e Adilsinho

Polícia Civil bloqueia R$ 65 milhões e apreende veículos em ação contra jogos de azar, contrabando e corrupção na Baixada Fluminense

16/10/2025 às 09:36 por Redação Plox

A Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) deflagrou nesta quinta-feira uma operação contra uma quadrilha acusada de explorar jogos de azar online. Em três anos, o grupo movimentou mais de R$ 130 milhões. A chamada Operação Banca Suja mobilizou o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro, doze em Duque de Caxias e um em Belford Roxo, ambos municípios da Baixada Fluminense.

Esquema envolvia fraudes e uso de empresas de fachada

As investigações revelaram um esquema sofisticado para exploração de jogos de azar e fraude contra apostadores. Para ocultar a origem dos valores ilícitos, a quadrilha utilizava empresas de fachada, transferências fracionadas e operações simuladas. As transações eram espalhadas por contas bancárias de diferentes ramos de atividade para dificultar o rastreamento.


Até o momento, os suspeitos tiveram R$ 65 milhões bloqueados em contas bancárias e foram sequestrados oito carros, avaliados em R$ 2,2 milhões.

Autoridades realizam 15 operações de busca e apreensão no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.

Autoridades realizam 15 operações de busca e apreensão no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.

Foto: Reprodução

Ligações com a máfia do cigarro e facção criminosa

A organização tem conexão direta com a chamada máfia do cigarro e com o Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a especializada, além dos crimes financeiros, os investigados também são suspeitos de envolvimento em homicídios de rivais e concorrentes para dominar áreas e negócios ilegais na região.

Identificamos empresas que, aparentemente, atuam como de fachada, mas que movimentaram milhões de reais em um período muito curto — de seis meses a um ano — na tentativa de conferir aparência de legalidade às suas operações. Essas empresas se inserem no mercado formal, realizando transações financeiras de volume extremamente elevado e inflado por recursos provenientes de atividades criminosas, o que distorce a concorrência e prejudica o mercado legítimo. – delegado da DCOC-LD, Renan Mello

A atuação do grupo inclui relações com contrabando, corrupção e outras atividades ilícitas na Baixada Fluminense.

Patrono do Salgueiro apontado como líder

O contraventor Adilson Coutinho Oliveira Filho, conhecido por sua ligação com a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, é apontado como liderança da máfia. Em março, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal por comércio ilegal de cigarros, e, em maio, 22 trabalhadores paraguaios em situação análoga à escravidão foram resgatados em uma fábrica clandestina de cigarros associada ao seu nome. Atualmente, Adilsinho está foragido.

Nova etapa mira empresas ligadas à facção

Durante a ação, a polícia descobriu que sócios vinculados ao PCC atuavam por meio de empresas de filtros de cigarro, recebendo transferências de outras empresas envolvidas no esquema principal.


A Operação Banca Suja busca interromper fluxos financeiros ilícitos, proteger consumidores, impedir a reciclagem de recursos do crime e recuperar ativos para o Estado.

Empresas que operam dentro da legalidade acabam dividindo o mesmo espaço competitivo com estruturas que atuam simultaneamente na legalidade e na ilegalidade, tornando-se prejudicadas por esse desequilíbrio. Essa é uma das pegadas importantes da investigação. Ao seguir o dinheiro, atacar os fluxos financeiros e descapitalizar estruturas criminosas, a Polícia Civil vai além da repressão direta e enfraquece os alicerces econômicos que sustentam facções e redes organizadas. – secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi

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