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Artista fabricianense estreia espetáculo sobre racismo estrutural nas escolas, em São Paulo

Peça do grupo Negrume Teatro, com dramaturgia de Matí Lima, retrata a infância negra e promove debate sobre racismo estrutural, abandono paterno e práticas antirracistas.

17/10/2025 às 14:37 por Redação Plox

O artista Gustavo Nascimento, natural de Coronel Fabriciano, estreia um novo espetáculo em São Paulo que traz à cena o debate sobre o racismo estrutural nas escolas. Essa produção marca um avanço importante para o Negrume Teatro, grupo negro fundado pelo próprio artista, com raízes em Ipatinga por meio de cursos livres oferecidos pelo Teatro Circu-lar Farroupilha e pelo Ecoar Ponto de Cultura.

Gustavo Nascimento.

Gustavo Nascimento.

Foto: Divulgação

Inspiração e temas do espetáculo

Com dramaturgia assinada pelo ator e diretor Matí Lima, também de Ipatinga, a peça acompanha Akin e Niara, duas crianças negras que, após as férias, refletem sobre um episódio de racismo ocorrido na escola. A partir dessa conversa, o espetáculo mergulha no universo da infância negra para abordar assuntos como abandono paterno, resgate do Candomblé e a necessidade urgente de adoção de práticas antirracistas na rede pública, especialmente interiorana.

Dirigido por Ailton Barros, com elenco formado por Cainã Naira, figurinos de Gui Santti e iluminação de Angel Taíze, a montagem reúne artistas de diferentes regiões, promovendo um intercâmbio cultural entre profissionais do interior e da capital paulista. O Negrume Teatro busca fortalecer esse diálogo e valorização da diversidade de trajetórias.

Cainã Naira e Matí Lima.

Cainã Naira e Matí Lima.

Foto: Divulgação

Olhar para a infância negra e os impactos do racismo

Segundo Gustavo Nascimento, a motivação do trabalho é promover reflexão sobre as experiências e afetos da infância negra, valorizando memórias e vozes frequentemente marginalizadas.

A peça é um convite para escutar os Ibejis, que são os Orixás gêmeos da alegria e da infância nas religiões de matriz africana, como o Candomblé, compreender o que o racismo causa nelas, dentro e fora da escola. É também uma forma de imaginar outras possibilidades de carinho, cuidado e existência – Gustavo Nascimento

Para a atriz Cainã Naira, a criação do espetáculo transforma a cena teatral em espaço de resistência e invenção.Contar nossas histórias nos torna o Sujeito em evidência. E sermos o Sujeito, diante de uma estrutura secular, é descobrir novas possibilidades de existir! É dar vida e luz à nossa subjetividade! É a Arte, trazendo outros novos rumos, para além dos livros, para além mar!

Ailton Barros (SP) é o responsável pela direção.

Ailton Barros (SP) é o responsável pela direção.

Foto: Divulgação

A dramaturgia e a urgência do diálogo

O texto de Matí Lima reforça o caráter poético e político da montagem, propondo uma escuta atenta à infância e adolescência negras e sensibilizando para o enfrentamento do racismo escolar. O dramaturgo destaca que a peça é uma mensagem urgente para sociedades que compartilham saberes: enxergar as infâncias negras é essencial para construir novos caminhos futuros. A obra denuncia o racismo nas instituições de ensino e a negligência das direções na abordagem desse tema.

Fomento à cultura e expectativa de estreia

O espetáculo foi contemplado pelo Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), importante política pública que incentiva produções culturais independentes em São Paulo. Com previsão de estreia para os próximos meses, a montagem promete unir poesia, memória e crítica, reafirmando a arte como ferramenta de transformação social.

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