EUA deportam 261 suspeitos e Bukele os exibe em megaprisão

Em uma ação que chamou a atenção internacional, El Salvador recebeu 261 indivíduos deportados pelos Estados Unidos, supostamente ligados a organizações criminosas.

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Entre eles, 238 venezuelanos, alegados membros do Tren de Aragua, e 23 salvadorenhos associados à gangue Mara Salvatrucha (MS-13).

A chegada dos deportados foi marcada por uma operação midiática: vídeos divulgados pela presidência mostraram os detidos, com mãos e pés acorrentados, sendo escoltados por policiais e soldados fortemente armados até o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), a megaprisão construída pelo governo Bukele em Tecoluca, a 75 km da capital, San Salvador.

O presidente Nayib Bukele, desde sua posse em 2019, tem utilizado estratégias de comunicação de alto impacto para destacar as ações de seu governo, especialmente na chamada 'guerra' contra as gangues, que resultou na redução significativa da violência no país. Analistas observam que essas exibições públicas buscam tanto dissuadir atividades criminosas quanto consolidar a imagem de Bukele como um líder implacável no combate ao crime.

A colaboração com os Estados Unidos nesta operação também reforça a posição de El Salvador como aliado estratégico na luta contra o crime organizado transnacional. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, elogiou a iniciativa, destacando Bukele como um 'grande amigo dos Estados Unidos' e reconhecendo a eficácia de suas políticas de segurança.

Entretanto, organizações de direitos humanos criticam a abordagem, apontando possíveis violações e a transformação de ações governamentais em espetáculos midiáticos. Juan Pappier, subdiretor para as Américas da Human Rights Watch, afirmou que o governo de Bukele tem transformado em espetáculo midiático suas violações de direitos humanos.

A megaprisão Cecot, inaugurada em 2023, simboliza a política de tolerância zero de Bukele contra as gangues. Com capacidade para 40 mil detentos, a prisão já recebeu milhares de membros de organizações criminosas, sendo considerada uma das maiores e mais seguras da América Latina.

A recente operação de deportação e encarceramento em massa levanta debates sobre os limites entre segurança pública e respeito aos direitos humanos, além de destacar a complexa relação entre estratégias governamentais e a opinião pública em El Salvador.