Mulher sofre lesões cerebrais após ingerir pílulas de tênia para emagrecer

Especialistas têm alertado para os riscos de uma nova prática usada para emagrecimento, que envolve a ingestão de pílulas contendo ovos de tênia, compradas em mercados clandestinos na dark web. A ideia é que o parasita consuma parte dos alimentos ingeridos pelo hospedeiro, mas essa abordagem é extremamente perigosa e pode levar à morte.

As tênias são parasitas em formato de fita que podem causar doenças graves como a teníase, infecção intestinal, e a cisticercose, que ocorre quando os parasitas se espalham pela corrente sanguínea e atingem o cérebro.

Jovem sofre complicações após uso de pílulas

Um caso que ilustra os riscos dessa prática é o de uma jovem americana de 21 anos, identificada como T.E. Ela encontrou anúncios dos comprimidos em redes sociais e comprou uma caixa. Inicialmente, perdeu peso, mas logo começou a sofrer com dores abdominais e observar substâncias retangulares e bege nas fezes, acreditando tratar-se de gordura.

Além dos sintomas intestinais, T.E. relatou sentir algo se movendo dentro da bochecha e descobriu um caroço no queixo. Ao pressionar o local, desmaiou, mas só buscou ajuda médica dias depois, quando a pressão no crânio tornou-se insuportável.

Diagnóstico e tratamento

No hospital, exames revelaram que o fluido cefalorraquidiano da paciente estava com pressão elevada, indicando anormalidades. Inicialmente, os médicos suspeitaram de uma infecção viral, liberando T.E. com medicação. Porém, após uma piora nos sintomas e episódios de amnésia, ela retornou ao hospital e revelou ter ingerido as pílulas de ovos de tênia.

Novos exames detectaram lesões no cérebro e a presença de duas espécies de parasita: Taenia saginata, associada a carne bovina, e Taenia solium, que pode ser transmitida por carne suína ou vegetais contaminados. A Taenia solium é capaz de liberar ovos que se disseminam pelo corpo, afetando músculos, cérebro e outras partes.

Consequências graves para a saúde

De acordo com a médica infectologista Liz Ligia Pierrotti, os ovos eclodem, as larvas invadem o intestino e caem na corrente sanguínea, podendo se alojar no sistema nervoso central, nos músculos, olhos ou coração, entre outras regiões.

T.E. foi tratada com esteroides e medicamentos antiparasitários, permanecendo internada por três semanas até a eliminação completa dos ovos do cérebro. Seis meses depois, já não apresentava sintomas, mas seu caso serve como um alerta contra essa prática perigosa.