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Perfis anônimos de “achadinhos” viram negócio e rendem até R$ 100 mil mensais

Perfis discretos nas redes sociais chegam a movimentar até R$ 100 mil por mês com recomendações de produtos, enquanto grandes marketplaces facilitam a entrada de novos afiliados.

18/11/2025 às 08:11 por Redação Plox

Nas redes sociais, perfis de nomes discretos e sem exposição pessoal escondem uma dinâmica de negócios que movimenta altos valores. Páginas identificadas por títulos como “achadinhos” ou “armarinhos”, recheadas de vídeos curtos sobre produtos variados, compõem um mercado de marketing de afiliados em franca expansão.

Por trás desses perfis, pessoas comuns — como donas de casa, pequenos empreendedores e ex-assessores — estão transformando recomendações simples em fonte de renda significativa, aproveitando os programas oferecidos por grandes marketplaces. Segundo relatos, há casos em que o faturamento mensal chega a ultrapassar R$ 100 mil apenas com a indicação de produtos.

Cidadãos brasileiros estão obtendo lucros significativos por meio do marketing de afiliados

Cidadãos brasileiros estão obtendo lucros significativos por meio do marketing de afiliados

Foto: Reprodução/Freepik

De perfis anônimos a marcas consolidadas

Um dos exemplos desse fenômeno é Mike Felipe, que, sem mostrar o rosto e trabalhando em casa, acumulou mais de 370 mil seguidores com conteúdos patrocinados em diferentes plataformas, entre elas Shopee, Magalu, Mercado Livre e Amazon. A receita mensal pode superar R$ 100 mil, permitindo que Mike expandisse o negócio para uma microempresa com cinco funcionários. Apesar do sucesso, mantém a discrição, evitando aparecer em vídeos ou lives e recusando o rótulo de influenciador.

O anonimato é tanto uma estratégia quanto uma preferência: Mike contrata influenciadores por plataformas especializadas para seguir produzindo conteúdo sem se identificar. Foi assim que surgiu a “Achados Ninjas”, marca que ganhou reconhecimento no setor.

Lourenço Menezes ilustra outro lado do marketing de afiliados. Ele deixou de atuar como assessor político para dedicar-se integralmente a esse segmento. Suas contas seguem o modelo de conteúdos sem exposição pessoal e chegam a impulsionar vendas em lives dentro dos próprios marketplaces. Hoje, Lourenço lidera uma agência com mais de 350 afiliados e um faturamento que ultrapassa em dez vezes o salário anterior.

No interior do Ceará, Larisse Oliveira viralizou com vídeos sobre itens infantis e de beleza. Com o marketing de afiliados, passou a receber até R$ 20 mil por mês, realizou sonhos como a compra de uma casa e um carro e investiu na educação da filha.

Marketing de afiliados: portas abertas para novos empreendedores

Segundo levantamento do Sebrae, o ganho médio do afiliado brasileiro é de cerca de R$ 2,4 mil mensais, mas há quem ultrapasse este valor significativamente. O modelo atrai uma diversidade de perfis: de estudantes a aposentados, todos em busca de renda extra com baixo investimento inicial e riscos menores.

A ascensão desse modelo levou marketplaces a ampliarem seus programas de afiliados. Formatos como o ‘Influenciador Magalu’, já somam milhões de cadastros e não exigem dos participantes um número mínimo de seguidores. A Shopee, por sua vez, permite inclusive que afiliados gerenciem outros afiliados, ampliando ainda mais o potencial de comissão.

Os bastidores do sucesso: estrutura, comissão e apoio

Os superafiliados criam estruturas profissionais — agências de comunicação, múltiplos perfis e estratégias consistentes em SEO e algoritmos. O segredo é ampliar o alcance e aumentar a taxa de conversão. O apelo do setor está no baixo risco: não é necessário estoque, não há custos fixos elevados e a comissão só é paga mediante vendas confirmadas.

Diferentemente de abrir uma loja física, o afiliado não precisa de estoque, não tem custos fixos altos e só ganha se vender. É um risco baixíssimo William Almeida, gestor de mercado digital do Sebrae

Esse formato tem facilitado a entrada de novos empreendedores, mas especialistas alertam que persistência, atualização constante e estudo de mercado são indispensáveis para destacar-se entre tantos concorrentes.

Como funciona: simplicidade na base do modelo

No marketing de afiliados, basta se cadastrar em uma plataforma, escolher quais produtos divulgar e compartilhar links personalizados. As comissões são liberadas assim que a compra é finalizada por meio do link do afiliado — o valor cai após períodos de validação, geralmente em até sete dias.

No Magalu, a comissão varia de 2% a 12%, enquanto a Shopee oferece até 30%, somando repasse da plataforma e de vendedores. Ambos os marketplaces disponibilizam suporte completo, incluindo treinamentos, centrais de auxílio e conteúdos educativos. Esse suporte, aliado ao crescimento do digital, ajudou a consolidar o marketing de afiliados como parte vital da chamada “economia digital acessível”.

Empresas dedicadas a essa lógica, como a Lomadee, atuam conectando afiliados e anunciantes, centralizando campanhas de múltiplas marcas e facilitando a diversificação das fontes de receita.

Origem do marketing de afiliados e evolução no Brasil

A estratégia surgiu nos Estados Unidos nos anos 1990, popularizada pela Amazon. No Brasil, o modelo deslanchou na virada dos anos 2000 com plataformas como Buscapé e a própria Lomadee. O salto veio após 2010, impulsionado pelo crescimento das redes sociais e pela multiplicação de pessoas gerando conteúdo digital.

A cada ano, o setor se diversifica, permitindo remuneração também por cliques, downloads ou inscrições, ampliando as possibilidades de monetização dentro do mercado digital.

Quem são os afiliados brasileiros?

Com mais de 5 milhões de CPFs cadastrados apenas no Magalu, o universo dos afiliados é amplo e diverso, predominando mulheres entre 30 e 40 anos. Na Shopee, 90% dos afiliados começaram ali e 40% vislumbram transformar os ganhos em principal fonte de renda.

Histórias de sucesso mostram como diferentes trajetórias convergem no marketing de afiliados, onde persistência e criatividade são ativos valiosos.

Estratégias de quem se destaca: conteúdo, teste e interação

Para ter sucesso, não é obrigatório ser um influenciador famoso. Entre as lições mais recomendadas estão: trabalhar com produtos conhecidos, começar com pequenas ações e testar diferentes abordagens. Vídeos simples, com foco no produto e produção enxuta, conquistam público, assim como a criação de grupos em redes sociais ou a realização de transmissões ao vivo.

O social commerce, que mescla interação e vendas, facilita a aproximação entre vendedor e consumidor e fortalece a confiança na hora da compra.

No entanto, o segredo do crescimento está na rotina de testes, ajustes e aprendizado permanente.

Superando desafios: erros comuns e dicas para avançar

O caminho, porém, não é livre de obstáculos. Falta de foco, excesso de links, reprodução de conteúdos sem personalização e desânimo com resultados iniciais costumam sabotar os iniciantes. Para evitar armadilhas, é preciso entender o ritmo do mercado e manter uma rotina consistente de melhorias.

Plataformas como Magalu e Shopee investem em formação gratuita, oferecendo canais de conteúdo, campanhas promocionais e bonificações para quem indica novos participantes.

É impossível vencer alguém que não desiste. A minha história é marcada por superações pessoais e profissionais. O sucesso não vem da sorte, mas da perseverança Larisse Oliveira

Planejamento e riscos: recomendações para iniciantes

Apesar dos ganhos potenciais, o marketing de afiliados traz riscos, como instabilidade de renda, dependência de plataformas e concorrência intensa. Questões como bloqueio de contas, falhas de entrega ou alta nos custos de anúncios merecem atenção.

A recomendação da FecomercioSP é reforçar o planejamento financeiro: manter reserva pessoal para seis meses e capital de giro para sustentar o negócio, diversificar fornecedores e canais de vendas, e formalizar a atividade. Separar finanças pessoais das empresariais e acompanhar indicadores como CAC e LTV são práticas consideradas essenciais para o sucesso de longo prazo.

Por fim, a orientação é considerar o marketing de afiliados primeiramente como um complemento de renda — só vale migrar totalmente quando houver estabilidade e reservas comprovadas.

  • Faça a transição por etapas, migrando só ao alcançar tração e reservas
  • Construa ativos próprios: lista de contatos, marca e comunidade
  • Controle métricas principais com disciplina
  • Diversifique produtos, canais e foque em receita recorrente
  • Formalize a atividade e planeje previdência e saúde

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