A reforma da estação Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo, ainda não teve início devido a um atraso na liberação de um terreno pertencente ao governo federal. A obra é vista como fundamental para a integração da futura Linha 6-Laranja do metrô e para o aumento da capacidade do sistema ferroviário estadual, mas a negociação para a cessão da área já se arrasta há três anos.

Integração ampliada e modernização do sistema ferroviário

Atualmente, a estação Água Branca atende apenas à Linha 7–Rubi. O projeto de reforma propõe transformar o local na maior e mais moderna estação do estado, reunindo duas linhas de metrô, três linhas da CPTM e os futuros trens intercidades com destino a Campinas e Sorocaba.

A implementação da obra depende da liberação de áreas sob gestão da CPTM, da MRS Logística e do governo federal. O principal impasse gira em torno de um pequeno prédio, onde funciona uma antiga cabine de energia, localizado em uma área da União. Este é o único trecho ainda não cedido ao governo estadual.

Negociações e atrasos entre os governos

De acordo com o governo paulista, dezenas de ofícios, e-mails e despachos foram trocados em 2024 entre autoridades estaduais e federais. O governo federal aceitou alugar o terreno por R$ 688 mil anuais, valor que já teve o aval do estado, mas a liberação oficial do espaço ainda não foi concretizada. A expectativa inicial era que a cessão ocorresse até julho, o que não aconteceu.

Sem o início das obras, a concessionária TIC Trens já admite que a nova estrutura não ficará pronta a tempo da inauguração da Linha 6-Laranja, prevista para 2026. A estação Água Branca em funcionamento, inaugurada em 1867 e modernizada pela última vez nas décadas de 1960 e 1970, não tem condições de absorver o aumento de passageiros esperado.

Alternativas para evitar sobrecarga de passageiros

Com o possível atraso na reforma, o governo estuda alternativas, como a extensão da Linha 11–Coral da estação Barra Funda até a Água Branca. Essa medida busca distribuir melhor o fluxo dos usuários que passarão a utilizar a integração proporcionada pela futura Linha 6-Laranja.

Desafios de coordenação entre governos

Especialistas em gestão pública apontam que o impasse evidencia a falta de planejamento conjunto entre as esferas federal e estadual. O caso revela as dificuldades de coordenação entre as diferentes instâncias envolvidas no transporte urbano.

É o sintoma maior da falta de uma política nacional de transporte metropolitano. Cada um tem um plano, cada um tem uma ideia, mas não conseguem fazer o fundamental, que é se coordenar e trabalhar em conjunto para a população Gustavo Fernandes, professor de gestão pública da FGV

Até o momento, o governo federal não se manifestou oficialmente sobre o assunto.