Economia

Expectativa de privatização faz ações da Copasa saltarem mais de 100% em 2025

Projeto aprovado na Assembleia mineira autoriza transformação da estatal em corporation, com venda ou diluição da participação do governo Zema e manutenção de golden share para decisões estratégicas

19/12/2025 às 06:37 por Redação Plox

As ações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) mais do que dobraram de valor na Bolsa brasileira em 2025, embaladas pelo avanço do projeto de privatização da estatal. Nesta quarta-feira (17), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou o Projeto de Lei que autoriza a desestatização da companhia.

Em 2 de janeiro, os papéis da Copasa (CSMG3) encerraram o pregão a R$ 20,53. Já na abertura desta quinta-feira (18), eram negociados a R$ 43,53. No acumulado do ano, a valorização chega a 112%.

A empresa registrou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão em 2024 e de R$ 1,07 bilhão até o terceiro trimestre de 2025. O avanço do projeto de desestatização colocou a estatal no centro do interesse de investidores.


Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio das Velhas

Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio das Velhas

Foto: Copasa/Divulgação

Privatização da Copasa avança na Assembleia

O governador Romeu Zema defende que a venda do controle da Copasa é necessária para modernizar a empresa, atrair novos investimentos e ajudar no pagamento da dívida de Minas Gerais com a União, estimada em R$ 180 bilhões.

Com a aprovação do PL pelos deputados, o plano é transformar a Copasa em uma “corporation”, deixando de ter o estado como controlador único. Isso poderá ocorrer por duas modalidades principais:

Alienação de participação societária: venda total ou parcial das ações do governo para um investidor privado, geralmente por meio de leilão, resultando na perda ou transferência do controle acionário.

Aumento de capital com perda de controle: emissão de novas ações no mercado, subscritas por investidores privados, com renúncia ou cessão, total ou parcial, dos direitos de subscrição do estado, o que reduz proporcionalmente a participação pública no capital da companhia.

Atualmente, Minas Gerais detém 50,03% das ações da Copasa. Com a mudança, o estado deixaria de ser controlador, mas manteria uma ação preferencial de classe especial, a chamada “golden share”, que garante poder de veto em decisões estratégicas, como:

• alteração da denominação e da sede da companhia;
• mudanças nos limites ao exercício do direito de voto atribuído a acionistas ou grupos de acionistas.

O governo ainda não detalhou como a privatização será executada na prática. Para entrar em vigor, a proposta aprovada na ALMG ainda precisa ser sancionada pelo governador.

Presença e estrutura da Copasa em Minas

A Copasa atua em 637 dos 853 municípios mineiros, o equivalente a 75% das cidades com abastecimento de água no estado. Esse número inclui os municípios atendidos pela Copanor, subsidiária responsável pelos serviços de saneamento nas regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais. Em 308 dessas cidades, a estatal também presta serviços de esgotamento sanitário.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão em 2024 e mais de R$ 1,07 bilhão entre janeiro e setembro de 2025. O quadro funcional é composto por 9.456 empregados ativos na Copasa e 472 na Copanor.

A cobertura de abastecimento de água na área atendida pela empresa supera 99%, patamar que o Novo Marco do Saneamento definiu como meta nacional apenas para 2033. Já no tratamento de esgoto, a cobertura atual é de 78,4%, frente à meta de 90% estabelecida pela legislação para o mesmo ano.

Segundo a companhia, para alcançar os objetivos de expansão, será necessário investir R$ 16,9 bilhões em obras até 2029.

Resultados do terceiro trimestre de 2025

Em novembro, a Copasa divulgou o balanço do terceiro trimestre de 2025. A receita líquida com água, esgoto e resíduos sólidos somou R$ 1,84 bilhão, alta de 3,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando foi de R$ 1,78 bilhão.

Os custos e despesas, excluídas depreciações e amortizações, totalizaram R$ 1,06 bilhão, ante R$ 1 bilhão no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 4,6%.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 726,9 milhões, praticamente estável frente aos R$ 725,7 milhões registrados um ano antes. A margem EBITDA recuou de 40,5% para 39,3%.

O lucro líquido no terceiro trimestre de 2025 foi de R$ 360,8 milhões, queda de 2% em comparação com o terceiro trimestre de 2024, quando atingiu R$ 368,3 milhões.

Os investimentos consolidados, incluindo capitalizações, somaram R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, valor 26% superior ao do mesmo período de 2024.

Em setembro de 2025, o número de economias (unidades consumidoras) de água chegou a 5,76 milhões, ante 5,68 milhões em setembro de 2024. No esgoto, o total de economias passou de 4,12 milhões para 4,24 milhões no mesmo intervalo.

O índice de perdas na distribuição de água da Copasa ficou em 37,3% em setembro de 2025, abaixo dos 38,4% registrados em setembro de 2024.

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