Economia

Dólar abre em leve alta e Ibovespa opera sob impacto do Orçamento de 2026 e dados econômicos

Moeda norte-americana é negociada a R$ 5,5293 enquanto a Câmara vota o Orçamento de 2026 e investidores repercutem indicadores no Brasil e nos EUA, em meio a preocupações fiscais e cenário de juros elevados

19/12/2025 às 10:00 por Redação Plox

O dólar abriu em alta nesta sexta-feira (19), subindo 0,12% por volta das 9h15, negociado a R$ 5,5293. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inicia os negócios às 10h, em um dia marcado por atenção redobrada a indicadores econômicos e ao ambiente político.

A agenda inclui divulgação de dados relevantes no Brasil e nos Estados Unidos, além da votação do Orçamento, que deve balizar a percepção de risco fiscal e o apetite dos investidores por ativos brasileiros.


Dólar, moeda norte-americana

Dólar, moeda norte-americana

Foto: FreePik

Câmara vota Orçamento de 2026 e BC detalha cenário

Em Brasília, a Câmara dos Deputados vota nesta sexta o Orçamento de 2026. A sessão, marcada para o meio-dia no plenário, tende a concentrar as atenções pelos possíveis efeitos sobre as contas públicas e pelas disputas políticas em torno da proposta.

Pela manhã, o Banco Central informou que o Brasil registrou déficit de US$ 4,943 bilhões nas transações correntes em novembro, resultado praticamente em linha com o esperado pelo mercado. Em igual mês do ano passado, o saldo negativo havia sido menor.

No campo político, pesquisa AtlasIntel divulgada na véspera mostrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente nas simulações para a eleição de 2026. O levantamento também aponta desempenho de Flávio superior ao do governador paulista Tarcísio de Freitas em cenários de primeiro turno.

Nos Estados Unidos, serão divulgados hoje os dados de vendas de moradias usadas em novembro e o índice de confiança do consumidor de dezembro, indicadores considerados dois importantes termômetros do ritmo da economia americana.

Desempenho recente de dólar e Ibovespa

No acumulado recente, o comportamento dos ativos é o seguinte:

Dólar

Acumulado da semana: +2,07%
Acumulado do mês: +3,51%
Acumulado do ano: -10,63%

Ibovespa

Acumulado da semana: -1,77%
Acumulado do mês: -0,72%
Acumulado do ano: +31,29%

BC eleva projeção de crescimento para 2025

O Banco Central revisou para cima sua estimativa de crescimento da economia brasileira em 2025. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 2% para 2,3%, conforme o Relatório de Política Monetária do quarto trimestre, divulgado na quinta-feira (18).

Como referência, em 2024 a economia brasileira cresceu 3,4%, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desempenho bem mais forte que o agora projetado para os anos seguintes.

Para 2026, ano de eleição presidencial, o BC também ajustou levemente a estimativa, elevando a projeção de alta do PIB de 1,5% para 1,6%.

Ainda assim, se essas projeções se confirmarem, o ritmo de expansão será o mais fraco desde 2020, quando a economia recuou 3,3% em meio aos impactos da pandemia de covid-19.

Segundo o Banco Central, o cenário de crescimento mais moderado reflete uma combinação de fatores: manutenção de uma política monetária restritiva, com juros elevados; baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, como mão de obra e capacidade instalada; expectativa de desaceleração da economia global; e a ausência do impulso do agronegócio observado em 2025.

O BC também leva em conta os efeitos de medidas recentes voltadas ao consumo, como isenções ou descontos no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para as faixas iniciais de renda.

A desaceleração projetada ocorre em um ambiente de juros altos, usados como instrumento para conter pressões inflacionárias. A taxa básica da economia, a Selic, está em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.

Inflação ao consumidor nos EUA perde força

Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor desacelerou mais do que o previsto até novembro. Apesar disso, a melhora é considerada pontual e não afasta as dificuldades das famílias para lidar com o custo de vida.

De acordo com o Escritório de Estatísticas do Trabalho, ligado ao Departamento do Trabalho, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 2,7% no acumulado de 12 meses até novembro, abaixo da projeção de 3,1% de economistas consultados pela Reuters. Em setembro, a inflação anual era de 3,0%.

O CPI mede a variação média dos preços de uma cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias e é um dos principais indicadores usados pelo Federal Reserve na condução da política de juros. A leitura recente, porém, traz limitações importantes.

O governo dos EUA ficou paralisado por 43 dias, o que impediu a coleta de dados em outubro e levou à suspensão da divulgação da inflação daquele mês. Como essas informações não podem ser recuperadas posteriormente, o órgão deixou de calcular a variação mensal do índice.

Os efeitos do chamado “shutdown” se estenderam também ao mercado de trabalho: pela primeira vez, o governo americano deixou de divulgar a taxa de desemprego de outubro.

Diante dessas lacunas, a agência de estatísticas afirmou que não pode orientar os usuários sobre como interpretar os dados ausentes, e economistas sugerem dar mais peso às comparações anuais ou a períodos de dois meses.

Analistas avaliam que a inflação mais baixa em novembro pode ter sido influenciada por um fator técnico: a coleta de preços ocorreu mais perto do fim do mês, quando o comércio costuma conceder descontos para impulsionar as vendas de fim de ano. Por isso, há expectativa de aceleração dos preços em dezembro.

Outro ponto de pressão vem das tarifas de importação adotadas durante o governo de Donald Trump, que ainda afetam o preço de diversos produtos. Esse repasse, porém, tem sido gradual, já que muitas empresas se apoiaram em estoques formados antes do aumento de tarifas ou absorveram parte dos custos para preservar as vendas.

Pedidos de auxílio-desemprego indicam mercado estável

O número de norte-americanos que solicitaram seguro-desemprego pela primeira vez recuou na semana passada, revertendo a alta anterior e sinalizando que o mercado de trabalho segue relativamente estável no fim do ano.

Segundo o Departamento do Trabalho, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 13 mil na semana encerrada em 13 de dezembro, para 224 mil solicitações, já descontados fatores sazonais. O resultado ficou praticamente em linha com a expectativa de economistas consultados pela Reuters, que projetavam 225 mil pedidos.

Nas últimas semanas, esse indicador tem oscilado, em parte por dificuldades estatísticas ligadas ao feriado de Ação de Graças, que costuma afetar a coleta e o ajuste dos dados.

Apesar das variações, a leitura geral é de pouca mudança no quadro do mercado de trabalho: empresas seguem cautelosas para contratar, mas também evitam demissões em larga escala.

Economistas apontam que as tarifas de importação implementadas no governo Trump representaram um choque de custos para as companhias, levando algumas a reduzir o quadro de funcionários ou adiar novas contratações.

Bolsas globais reagem a dados de inflação

As bolsas de Nova York operavam em alta nesta quinta-feira, impulsionadas pela inflação abaixo do esperado nos EUA, que reforçou as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve no próximo ano.

Por volta das 12h, o Dow Jones subia 0,61%, a 48.180 pontos. O S&P 500 avançava 0,92%, a 6.783 pontos, enquanto a Nasdaq ganhava 1,29%, aos 22.988 pontos.

Na Ásia, os mercados fecharam mistos, com investidores buscando setores considerados defensivos em meio a tensões regionais e preocupações com os gastos em inteligência artificial.

A aprovação de um pacote recorde de armas dos EUA para Taiwan sustentou ações ligadas à defesa, enquanto papéis de tecnologia e do setor imobiliário recuaram, pressionados por incertezas sobre financiamento e pela crise de dívida da Vanke.

No fechamento, Xangai subiu 0,16%, a 3.876 pontos, enquanto o CSI300 recuou 0,59%, a 4.552 pontos. O Hang Seng avançou 0,12%, a 25.498 pontos.

Em Tóquio, o Nikkei caiu 1,03%, a 49.001 pontos, e Seul perdeu 1,53%, a 3.994 pontos. Taiwan recuou 0,21%, Cingapura caiu 0,11% e Sydney encerrou em baixa de 0,16%.

A trajetória do dólar e da bolsa brasileira continua atrelada à percepção de risco fiscal, ao andamento das reformas e ao quadro internacional de juros e crescimento, em meio a um ambiente de maior cautela com gastos públicos e endividamento.

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