Artistas e movimentos se unem contra PEC da Blindagem

Neste domingo, 21 de setembro, cidades de todo o país receberão manifestações contra a chamada PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. A mobilização, que ganha cada vez mais força, tem sido impulsionada por artistas, parlamentares, entidades estudantis, sindicatos e movimentos sociais.

Foto: Agência Brasil

Um dos atos mais esperados acontecerá na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde Caetano Veloso comandará um cortejo artístico em cima de um trio elétrico exclusivamente musical. Ao seu lado estarão nomes icônicos como Gilberto Gil e Chico Buarque, que também confirmaram participação. Já em São Paulo, os manifestantes se concentrarão no Vão do Masp, na Avenida Paulista, a partir das 14h. Em Curitiba, a tradicional Boca Maldita será o ponto de encontro no mesmo horário, enquanto em Brasília o protesto começará às 9h no Museu da República.

O movimento também conta com o apoio público de outras figuras conhecidas, como Sandra de Sá e Anitta, que usaram as redes sociais para convocar seus seguidores. Os organizadores apostam que a presença desses artistas contribua para amplificar a visibilidade da pauta, reforçando a pressão sobre o Congresso Nacional.

As manifestações são articuladas principalmente por parlamentares do PSOL, centrais sindicais, coletivos estudantis e outros grupos da sociedade civil. A intenção é clara: ocupar as ruas de diversas capitais brasileiras em resposta à recente aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados.

A proposta, ainda em tramitação no Senado, tem sido duramente criticada por restringir a possibilidade de abertura de processos judiciais contra parlamentares, o que, segundo seus opositores, cria uma espécie de proteção indevida aos políticos. A crítica mais dura veio do próprio Caetano Veloso, que, em vídeo nas redes sociais, chamou a medida de “PEC da Bandidagem”.

“Tem que receber da sociedade brasileira uma resposta socialmente saudável. Uma manifestação de que a grande parte da população brasileira não admite um negócio desse”, afirmou Caetano. Sobre o projeto de anistia, completou: “também não pode ficar sem resposta”

A indignação não se resume à PEC. A aprovação do requerimento de urgência para o projeto de anistia — também na Câmara, em votação relâmpago — foi vista como mais um sinal de alerta. A proposta, que será relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), visa perdoar os envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Para muitos, a medida representa um retrocesso grave na responsabilização dos atos antidemocráticos.

Durante eventos prévios às manifestações, figuras como a vereadora Iza Lourença e o ativista Vile Santos também expressaram repúdio às propostas. Enquanto Lourença foi recebida com reações divididas ao subir ao palco com um cartaz, Santos ouviu gritos de “sem anistia” do público presente.

A pauta dos atos deste domingo abrange tanto o combate à impunidade quanto a defesa da democracia. Para os organizadores, é essencial que a sociedade mostre sua posição diante do avanço dessas propostas no Congresso, especialmente em um momento de grande tensão política.

As manifestações deste fim de semana prometem marcar um novo capítulo na mobilização popular brasileira, com forte simbolismo e engajamento artístico, reafirmando o papel das ruas como espaço legítimo de resistência e debate democrático.