Frente dos Consumidores de Energia é questionada por falta de representatividade

Apresentada ao público como uma representante legítima dos consumidores brasileiros, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia tem sua composição colocada em xeque por especialistas do setor. Segundo Heber Galarce, presidente do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel), a coalizão estaria longe de refletir os interesses da população em geral.

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Apesar do nome sugerir um movimento da sociedade civil, a Frente é majoritariamente formada por entidades empresariais e conselhos ligados a concessionárias de energia, como o Conselho de Consumidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Essa estrutura compromete a imparcialidade necessária para representar os cidadãos comuns.

Para Galarce, o principal problema é a ausência de legitimidade. Os consumidores residenciais, que enfrentam mensalmente tarifas elevadas de energia elétrica, não têm voz ativa no colegiado. Movimentos sociais, associações de bairro e sindicatos que representam pequenos consumidores estão completamente fora das discussões. Entre as poucas exceções está o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

A maior parte dos integrantes da Frente representa grandes indústrias, consumidores livres e concessionárias — justamente os setores que, segundo Galarce, deveriam ser fiscalizados pelos consumidores e não atuar como seus porta-vozes. Essa configuração provoca uma distorção ao transformar interesses corporativos em supostas demandas populares.

De acordo com o presidente do Inel, essa falsa representação induz a opinião pública ao erro, criando a impressão de que existe um apoio social a determinadas pautas regulatórias, quando, na realidade, o espaço é ocupado pelos grandes agentes do setor elétrico.

Galarce afirma ainda que, para conquistar legitimidade verdadeira, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia precisaria ampliar sua base e garantir a inclusão dos consumidores residenciais e de pequenos empreendedores — justamente os que mais sofrem com os altos custos da energia. Até que isso aconteça, ele ressalta: o grupo não pode ser considerado a verdadeira voz dos consumidores, mas sim dos interesses econômicos consolidados no setor.