Economia

Correios aprovam plano para reverter crise e esperam empréstimo de R$ 20 bi até o fim do mês

Estatal, que acumula 12 trimestres de prejuízo e déficit de R$ 4,5 bi no primeiro semestre de 2025, aposta em empréstimo de R$ 20 bilhões, PDV, cortes em benefícios, venda de imóveis e foco no e-commerce para recuperar a saúde financeira até 2027

21/11/2025 às 12:43 por Redação Plox

Depois de 12 trimestres consecutivos de prejuízo, a nova gestão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos aprovou um plano de reestruturação para reforçar a liquidez e preservar o papel da estatal como operador nacional de logística.

Anunciadas no início de outubro pelo presidente da empresa, Emannoel Rondon, as medidas agora receberam aprovação dos conselhos

Anunciadas no início de outubro pelo presidente da empresa, Emannoel Rondon, as medidas agora receberam aprovação dos conselhos

Foto: Reprodução / Agência Brasil.



Segundo a empresa, o plano foi referendado nesta quarta-feira (19) pelos conselhos dos Correios e prevê a captação de R$ 20 bilhões com um consórcio de bancos até o fim de novembro.

Três eixos para recuperar a estatal

De acordo com os Correios, o plano está estruturado em três frentes principais: recuperação financeira, consolidação do modelo e crescimento estratégico.

Para alcançar esses objetivos, a estatal projeta, ao longo dos próximos 12 meses, um conjunto de ações diretas, entre elas:


• Programa de Demissão Voluntária (PDV) e redução de custos com planos de saúde, na tentativa de enxugar despesas recorrentes.

• Reestruturação da rede de atendimento, com possibilidade de eliminação de até mil pontos considerados deficitários.

• Modernização da operação e da infraestrutura tecnológica, com foco em eficiência e competitividade.

• Monetização de ativos e venda de imóveis, em uma frente que, segundo a companhia, tem potencial de levantar até R$ 1,5 bilhão.

• Expansão do portfólio voltado ao comércio eletrônico e avaliação de fusões e aquisições, visando reconstruir o negócio em horizonte de médio prazo.


Essas diretrizes já haviam sido antecipadas no início de outubro pelo presidente da empresa, Emannoel Rondon, e agora foram formalmente aprovadas pelos conselhos dos Correios.

No comunicado em que anuncia a aprovação do plano e a expectativa de fechar o empréstimo de R$ 20 bilhões até o fim de novembro, a estatal não detalha o desenho operacional de cada medida nem o cronograma específico de implementação.

Função pública e capilaridade como argumentos

Mesmo em meio a cortes e ajustes, os Correios reiteram que a universalização dos serviços postais é um “compromisso estratégico e social inegociável”.


Com déficit líquido de R$ 4,5 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025, a empresa ressalta que segue sendo o único operador com capacidade de atender todos os municípios do país, inclusive áreas de difícil acesso.


A ampla capilaridade da rede — que também é usada para a entrega de livros didáticos, insumos eleitorais e ajuda humanitária em situações de emergência — é apresentada pela estatal como argumento para sustentar a necessidade de manter a empresa pública em operação, combinando cobertura nacional com maior eficiência.

Riscos, cronograma e metas de resultado

A expectativa interna é de que a execução do plano permita reduzir o déficit em 2026 e retomar a geração de lucro em 2027, caso as medidas de reestruturação e o reforço de caixa por meio do empréstimo avancem como previsto.


O cenário, porém, envolve riscos: a dependência da captação de crédito no mercado, a necessidade de venda de ativos em um ambiente de incerteza e a pressão por ganhos de eficiência em um setor altamente regulado, no qual concorrentes privados têm ampliado investimentos, podem tornar a implementação do plano mais complexa do que indicam as projeções da estatal.

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