Saúde

Consumo de cannabis entre meninas e mulheres mais que triplica no Brasil, aponta levantamento

Caderno temático do 3º Lenad, da Unifesp, mostra aumento expressivo do uso de maconha entre brasileiras a partir dos 14 anos, maior vulnerabilidade entre adolescentes e avanço de canabinoides sintéticos e outras drogas psicoativas

23/12/2025 às 08:16 por Redação Plox

O consumo de cannabis entre meninas e mulheres a partir dos 14 anos mais do que triplicou no Brasil nos últimos anos, de acordo com estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre adolescentes, a proporção de usuárias subiu de 2,1% para 7,9% e, entre adultas, de 3% para 10,6% entre 2012 e 2023.

Folha da cannabis

Folha da cannabis

Foto: Pixabay


O levantamento mostra que a maconha continua sendo a substância ilícita mais consumida no país. O porcentual de pessoas que já usaram a droga ou algum produto à base de cannabis ao menos uma vez na vida é de 16,6%, o que corresponde a cerca de 28 milhões de brasileiros. O uso recente de cannabis também cresceu: nos últimos 12 meses analisados, o índice passou de 2,8% para 6% dos entrevistados.

Perfil da pesquisa e parceria institucional

Os dados fazem parte de um caderno temático do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), conduzido pela Unifesp. A pesquisa ouviu 16.608 pessoas com mais de 14 anos em todas as regiões do Brasil, entre 2022 e 2023.

O estudo é realizado em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP) e com a Ipsos Public Affairs, responsável pelo trabalho de campo.

Inversão no padrão de consumo entre adolescentes

Um dos achados destacados pelo levantamento é a inversão no padrão de consumo por sexo entre adolescentes. Historicamente mais prevalente entre meninos de até 17 anos, o uso de cannabis passou a ser maior entre meninas. No mesmo período analisado, o consumo entre adolescentes do sexo masculino caiu quase 60%.

De acordo com o estudo, cerca de 1 milhão de adolescentes de 14 a 17 anos já usaram cannabis ao menos uma vez na vida, e aproximadamente 500 mil consumiram a substância no último ano analisado.

Riscos, vulnerabilidade e desejo de interromper o uso

Entre os jovens, o consumo aparece associado a piores desfechos. O levantamento aponta que 7,4% dos adolescentes de 14 a 17 anos buscaram atendimento de emergência em decorrência do uso de cannabis, proporção significativamente maior que a registrada entre adultos, de 2,7%.

O estudo mostra ainda que 68% dos usuários mais jovens desejam interromper o consumo, mas 43% relatam não conseguir fazê-lo, evidenciando um quadro de alta vulnerabilidade nesse grupo etário.

Formas de consumo e produtos à base de cannabis

A forma mais comum de uso é o fumo, adotado por 90% dos usuários, sendo o formato prensado o predominante. Cerca de 10% dos consumidores utilizam produtos comestíveis e 4% recorrem a vaporizadores.

O consumo misturado ao tabaco também se mostra frequente: 17% dos entrevistados afirmaram adotar essa prática com alguma regularidade, o que amplia a exposição a riscos associados tanto à cannabis quanto ao cigarro.

Crescimento de sintéticos e outras drogas psicoativas

O levantamento inclui ainda o uso de produtos canabinoides sintéticos, como as chamadas “drogas K”. Esses compostos foram relatados por 5,4% dos usuários de cannabis. Entre os mais jovens, com menos de 17 anos, o índice é mais que o dobro: 11,6% afirmaram ter consumido esse tipo de substância.

O estudo também identificou aumento no consumo de outras drogas psicoativas ilícitas. Em 2023, 18,7% dos entrevistados disseram ter usado algum tipo de substância desse grupo ao menos uma vez na vida.

Em dez anos, o uso de ecstasy passou de 0,76% para 2,20%; o de alucinógenos, de 1,0% para 2,1%; e o de estimulantes sintéticos, de 2,7% para 4,6%, indicando um avanço consistente no contato da população com diferentes tipos de drogas ilícitas.

Com informações de Estadão Conteúdo.

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