Policiais mineiros enfrentam desafios com salários baixos e falta de estrutura

Enquanto o crime organizado avança, forças de segurança de Minas Gerais lidam com remuneração defasada e recursos limitados

Por Plox

25/04/2024 10h02 - Atualizado há 10 dias

Em Minas Gerais, a situação dos policiais militares e civis está cada vez mais difícil à medida que facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), expandem sua influência no estado. Denúncias apontam para salários iniciais de R$ 5.097, com ganhos líquidos aproximando-se de R$ 4.000, valores considerados baixos especialmente quando comparados a outras regiões do Brasil, como o Paraná, que oferece remunerações significativamente maiores.

Os desafios não se limitam apenas aos vencimentos. A infraestrutura de trabalho também é uma grande preocupação. Relatos indicam que viaturas estão frequentemente inoperantes por falta de manutenção básica, a ponto de pneus terem que ser doados pelos municípios. Esta falta de recursos essenciais compromete diretamente as operações de combate ao crime, especialmente o tráfico de drogas.

Marcelo Casal Agência Brasil

A defasagem no efetivo é outro ponto crítico. De acordo com dados apresentados em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o contingente da Polícia Militar caiu de 45 mil para 37 mil, enquanto na Polícia Civil a redução foi de 17 mil para 10,5 mil. O subtenente Heder Martins de Oliveira, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros de Minas Gerais (Aspra), atribui essa diminuição à falta de interesse de novos recrutas, desencorajados pelos baixos salários e pelas condições de trabalho adversas.

A desmotivação é um tema recorrente entre os policiais, conforme aponta o sargento Marco Antônio Bahia Silva, vice-presidente da Aspra. Ele relata que a pressão do risco constante aliada à insatisfação salarial está levando muitos a reconsiderar sua carreira na segurança pública. A situação é tão grave que muitos policiais recorrem a trabalhos secundários para complementar a renda.

Os problemas enfrentados pelas forças de segurança de Minas Gerais refletem-se na segurança pública em geral, afetando não só a capacidade de combate ao crime organizado, mas também a qualidade de vida dos próprios policiais e de suas famílias. Recentemente, servidores da segurança pública organizaram uma manifestação em frente à residência do governador Romeu Zema, reivindicando a recomposição das perdas inflacionárias prometidas.

O cenário de violência exacerbada é sentido em todo o estado, com relatos de que até mesmo viaturas policiais são alvos de tiros. O prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, ressalta a situação alarmante e o apoio insuficiente do estado às forças locais, destacando a necessidade de investimentos mais robustos para garantir a segurança pública.

Neste contexto, especialistas como Luis Flávio Sapori, apontam para a necessidade de uma melhor integração e compartilhamento de informações entre as diversas forças de segurança para combater efetivamente o crime organizado, mesmo diante de recursos limitados.

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