Câncer infantil afeta mais de 250 crianças e jovens em Minas Gerais em 2024

Mais de 250 crianças e adolescentes foram diagnosticados com câncer em Minas Gerais em 2024, conforme o Ministério da Saúde. Os dados destacam a importância de identificar precocemente os sinais da doença, que já é a principal causa de morte por enfermidades entre crianças no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada ano, cerca de 7.930 novos casos de câncer infantojuvenil são registrados no país, com maior incidência em tumores como leucemia, tumores cerebrais e linfomas.

Histórias de luta e superação
A batalha contra o câncer infantojuvenil é marcada por relatos emocionantes, como o de Lara Violeta Silva Braga, de 3 anos, diagnosticada com leucemia em junho deste ano. Sua mãe, Victória Silva Freitas, lembra do difícil processo de diagnóstico após semanas de sintomas como infecções recorrentes e uma barriga inchada. Após internação imediata, Lara começou quimioterapia, enfrentando complicações que atrasaram o tratamento, mas sua mãe mantém a esperança: “Sempre converso com ela, tentando tranquilizá-la. É uma luta pela vida.”

Outro relato marcante é o de Gabriel da Costa Coelho, que morreu aos 15 anos após enfrentar um osteossarcoma, um câncer agressivo e raro. Sua mãe, Dulcemar da Costa, compartilhou a resiliência do filho durante o tratamento. “Ele era um menino cheio de vida e muito sábio. Mesmo diante da adversidade, aproveitou ao máximo os momentos que teve.” Gabriel realizou uma lista de desejos, incluindo aprender a fazer churrasco, o que marcou a família com lições de força e determinação.

Desafios do diagnóstico e tratamento
O oncologista pediátrico Eduardo Ribeiro Lima destaca que os sintomas de câncer infantojuvenil são muitas vezes inespecíficos, como febre persistente, palidez e manchas roxas, o que dificulta o diagnóstico. “É importante que pais fiquem atentos a sinais que não desaparecem com tratamentos convencionais e procurem especialistas para investigações mais detalhadas”, alerta o médico. Ele reforça que a quimioterapia é o principal pilar do tratamento, mas novas abordagens como imunoterapia têm ampliado as opções terapêuticas.

Impacto nas famílias e apoio necessário
Além do impacto emocional, o câncer infantil transforma completamente a rotina das famílias. Durante o tratamento do filho, Dulcemar precisou se afastar do trabalho e lidar com a pandemia de Covid-19, que restringiu o apoio familiar. “É uma mudança total de vida. Você aprende a contar os dias entre uma quimioterapia e outra. É uma luta muito intensa, que afeta todos ao redor.”

Organizações como a Associação Brasileira de Combate ao Câncer Infantil e Adulto (ABRACCIA) têm desempenhado papel fundamental no suporte a famílias em situação de vulnerabilidade. A instituição fornece alimentação, transporte e assistência psicológica para pacientes e seus parentes. “O câncer não afeta apenas o paciente; ele atinge a família inteira, criando traumas e desafios graves”, explica Eduarda Bestetti, coordenadora da ABRACCIA.

A importância do diagnóstico precoce e políticas públicas
Embora o diagnóstico precoce aumente as chances de cura para até 70%, o Brasil enfrenta problemas de subnotificação de casos, especialmente na rede privada. Isso reforça a necessidade de campanhas como o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil para conscientizar a população sobre os sintomas e incentivar investigações precoces. “Quanto mais cedo identificarmos a doença, maiores serão as chances de cura”, conclui o oncologista Eduardo Lima.

Dados sobre câncer infantil em Minas Gerais
Os números de diagnósticos registrados no estado refletem uma realidade preocupante:

• 2022: 617 casos
• 2023: 676 casos
• 2024: 253 casos (até novembro)

A luta contra o câncer infantojuvenil é uma jornada que exige união, atenção e apoio constante, com histórias de dor, mas também de coragem e amor incondicional.