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Trabalhadores dos Correios rejeitam proposta do TST e mantêm indicativo de greve

Em crise financeira e com prejuízo de R$ 6,1 bilhões no ano, Correios encerram negociação direta após 18 sindicatos recusarem acordo coletivo mediado pelo TST, que previa reajuste salarial de 5,13% e mudanças nas horas extras

25/12/2025 às 11:01 por Redação Plox

Trabalhadores dos Correios rejeitaram a proposta de acordo coletivo apresentada pela direção da estatal em negociação mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e decidiram manter o indicativo de greve na empresa.

Com a recusa, o caso avança para o dissídio coletivo, instrumento judicial usado para solucionar impasses entre categorias de trabalhadores e empregadores quando a negociação direta não chega a um consenso. Nessa etapa, caberá ao próprio TST definir quais cláusulas serão incluídas no novo acordo coletivo.


Ao todo, 18 sindicatos dos Correios recusaram os termos do acordo e 16 aprovaram. Caso será analisado pelo Tribunal Superior do Trabalho

Ao todo, 18 sindicatos dos Correios recusaram os termos do acordo e 16 aprovaram. Caso será analisado pelo Tribunal Superior do Trabalho

Foto: Reprodução

Assembleias rejeitam proposta da empresa

A proposta de acordo coletivo foi analisada em assembleias de funcionários dos Correios realizadas na terça-feira (24/12). No total, 18 sindicatos votaram contra os termos apresentados, enquanto 16 foram favoráveis.

Com isso, a empresa encerra a etapa negocial direta, cumprindo integralmente os trâmites previstos, e passa a atuar no âmbito legal, com responsabilidade institucional, para assegurar a continuidade do processo Correios

A direção da estatal havia proposto, entre outros pontos, gratificação de férias de 70% e reajuste salarial de 5,13%, com validade a partir de abril de 2026 e efeito retroativo a janeiro do ano que vem.

Outro ponto sensível da proposta previa o fim da hora extra tripla, de 200% de adicional, paga atualmente aos domingos e feriados. A partir de agosto do ano que vem, os funcionários passariam a receber apenas o adicional previsto na CLT, de 100%.

Crise financeira pressiona estatal

O impasse ocorre em meio a uma grave crise financeira na empresa. Os Correios buscam concluir ainda neste ano um empréstimo de cerca de R$ 12 bilhões para aliviar as contas e já anunciaram um plano de corte de gastos.

Entre janeiro e setembro deste ano, a estatal acumulou prejuízo de R$ 6,1 bilhões. Os números do balanço financeiro indicam que o rombo se ampliou de forma expressiva em 2025, aprofundando a deterioração das contas de uma empresa que registra perdas pelo menos desde 2023.

O prejuízo bilionário dos nove primeiros meses de 2025 é quase três vezes maior do que o verificado no mesmo período do ano anterior.

Apenas no terceiro trimestre deste ano, o prejuízo somou R$ 1,7 bilhão. A receita total dos Correios recuou para R$ 12,35 bilhões, queda de 12,7% em relação ao mesmo intervalo de 2024.

Segundo o balanço, as despesas gerais e administrativas dispararam 53,5%, passando de R$ 3,14 bilhões para R$ 4,82 bilhões até setembro.

Os custos operacionais, por sua vez, caíram de R$ 11,85 bilhões para R$ 11,69 bilhões entre os nove primeiros meses de 2024 e o mesmo período de 2025, mas a redução foi bem mais moderada.

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